Sanções internacionais

Rússia diz que só retoma fornecimento de gás para Europa se sanções do Ocidente forem suspensas

Com a decisão, o preço do gás na europa saltou até 35% nesta segunda, a maior alta em quase seis meses

Nord Stream 2, gasoduto do acordo entre Alemanha e Rússia - John Macdougal /AFP

A Rússia anunciou nesta segunda-feira (5) que só vai retomar o fluxo de fornecimento de gás por completo para a Europa quando o “coletivo do Ocidente” suspender as sanções impostas ao país por conta da invasão da Ucrânia. Com a decisão, o preço do gás no continente saltou até 35% hoje, a maior alta em quase seis meses. A medida também derrubou as Bolsas locais.

Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, culpou as sanções da União Europeia, do Reino Unido e do Canadá pelas dificuldades que o país enfrenta para retomar a entrega do gás a países europeus.

A estatal russa Gazprom fechou o gasoduto Nord Stream 1 na quarta-feira (31) passada para um manutenção que duraria três dias. Na sexta-feira (2), no entanto, a empresa tomou a decisão de última hora de não reativar o duto, após identificar um vazamento de óleo em uma turbina a gás que ajuda a bombear o combustível. Não há data de retorno da atividade.

A Gazprom alega que as turbinas usadas no Nord Stream 1 são de fabricação alemã e canadense e que as sanções dificultam o reparo dos equipamentos.

- Os problemas de bombeamento de gás surgiram por causa das sanções que os países ocidentais introduziram contra nosso país e várias empresas - disse Peskov, segundo a agência de notícias “Interfax. - Não há outras razões que possam ter causado esse problema de bombeamento.

Reação europeia

O Nord Stream 1 é a principal via de suprimento de gás russo para o continente europeu, ligando São Petesburgo à Alemanha através do Mar Báltico. Ele responde por um terço do fornecimento do gás russo para a Europa e estava operando com capacidade reduzida, de apenas 20%.

A União Europeia, especialmente a Alemanha - país que está entre os mais dependentes do gás russo no continente - questionou a justificativa de Moscou para interromper o fornecimento.

- É importante lembrar que não existe apenas um gasoduto que conecta Rússia e Europa. Se houve um problema técnico que está impedindo o fornecimento via Nord Stream 1, haveria possibilidade, se houvesse disposição para isso, de entregar o gás à Europa por meio de outros gasodutos - disse nesta segunda-feira Tim McPhie, porta-voz da área de energia da Comissão Europeia.

De fato, há outros gasodutos que abastecem a Europa que cortam a Ucrânia. Mas também houve baixa no fornecimento feito por esses dutos após a guerra, deixando a Europa vulnerável aos preços e com poucas alternativas para estocar o combustível nesses meses que antecedem o inverno no Hemisfério Norte.

Risco de recessão

Os preços da energia deram um salto no continente. E eles já estavam cerca de 400% mais altos do que há um ano, impulsionados pela guerra na Ucrânia e pela abertura econômica pós-Covid, que acelerou o consumo do combustível sem que houvesse aumento da oferta no mesmo ritmo.

O novo corte no fornecimento de gás agrava a crise na região e, se prolongado, eleva o risco de recessão das economias europeias, além de poder forçar o racionamento.

O corte de oferta também repercutiu nos mercados, com impacto nas ações e no euro, que caiu para a mínima em 20 anos.