RIO DE JANEIRO

Empresário diz ter sido vítima de Lívia Moura em compra de camarote na Sapucaí por R$ 80 mil

O homem teria pagado pelo espaço reservado para ver os desfiles de 2023.

Lívia Moura, irmã do ex-jogador Léo Moura, e investigada pela polícia - Divulgação / Polícia civil

Um empresário de 41 anos diz ter sido vítima de Lívia da Silva Moura num golpe que o custou R$ 80 mil. Nesta segunda-feira (5), ao ver que a mulher é acusada de vários estelionatos, o homem notou que havia pagado a ela o montante na compra de um camarote na Marquês de Sapucaí para os desfiles em 2023. Entretanto, ao chegar ontem na Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa) para confirmar a compra, ele descobriu que o espaço já estava vendido para outra pessoa e que Lívia nunca trabalhou na entidade. Para a direção da instituição, Lívia teria afirmado que era funcionária da Prefeitura do Rio. Ela teria prometido facilidades à Liga.

Antes de descobrir que caiu no golpe do camarote, a vítima chegou a comprar cinco ingressos para o Rock in Rio. Além de indicá-la a outras pessoas. Ao todo, ele intermediou junto a Lívia a compra de 26 entradas. Todas falsas. Um único amigo do empresário chegou a pagar 13 ingressos.

A irmã do ex-jogador de futebol Leo Moura, que já usou o nome dele para dar credibilidade em outras negociações, dizia ser da produção do festival e vendia cada ingresso a R$ 1.200,00. Mais de 25 pessoas já procuraram a Polícia Civil para denunciar que foram vítimas da mulher na compra de ingressos para o Rock in Rio. Uma única vítima teria sido lesada em R$ 150 mil.

— Fui apresentada à ela dentro da Liga (no começo do ano). Como eu havia comprado o espaço, para 200 pessoas em cima da hora, ela resolveu as credenciais para a entrada. Neste ano, recebi um e-mail da Liga perguntando se eu tinha interesse numa nova aquisição para o próximo ano. A Lívia então me ligou e disse que não era para eu fazer a compra pela Liga porque ela conseguiria o espaço por um preço melhor. Fechei com ela. Paguei R$ 80 mil — conta o empresário, que por vergonha não se identifica.

Ele lembra que ao chegar na sede da Liesa foi informado que a mulher nunca havia trabalhado no local.

— Lá, eles me disseram que ela não era funcionária. Mas ela me mandava fotos com os diretores, com pessoas da Liga. Na sede da Liesa fiquei sabendo que para o pessoal de lá essa Lívia se apresentava como funcionária da Prefeitura do Rio e prometia várias coisas — destacou.

Ainda sem saber que havia caído no golpe, a vítima comprou com Lívia ingressos para o Rock in Rio, realizado neste mês no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. Ele contou que ela dizia fazer parte da organização do festival.

— Ela falava que tinha facilidades na aquisição, por ser da produção. Então, comprei cinco ingressos para a minha família. Queríamos ir no próximo sábado (10) dia do Coldplay. Mas a minha esposa me lembrou que tínhamos uma viagem para São Paulo. Liguei pra Lívia e tentei trocar, mas ela disse que não tinha como. Comentei com meu amigo e ele acabou ficando com os ingressos. Falei também para um outro amigo e ele comprou 13 entradas. A mãe da melhor amiga da minha filha comprou outros ingressos com ela. Ela oferecia tudo a R$ 1.200,00 cada — conta.

Após notar que caiu no golpe, o empresário registrou o boletim de ocorrência na 13ª DP (Ipanema).

— Vou ter que devolver esse dinheiro para essas pessoas, se não vai parecer que eu tenho envolvimento com isso. É muito triste. Temos um grupo de WhatsApp de 14 pessoas que foram lesadas por essa mulher — conta.

Lívia tinha um crachá falso da Prefeitura do Rio
Na operação desta segunda para prender Lívia Moura por estelionato, os agentes encontraram em sua residência, na Freguesia, na Zona Oeste do Rio, um crachá dela como funcionária da Prefeitura do Rio. Segundo o documento, com foto e número de matrícula, a mulher ocuparia o cargo de "assistente 1" no gabinete do prefeito Eduardo Paes (PSD).

Em nota, a prefeitura disse que o número de matrícula não existe e que o documento é falso, e destacou que a mulher nunca trabalhou para o município.

"A Prefeitura do Rio informa que Lívia Moura nunca foi funcionária do município e que o crachá encontrado pela polícia nesta segunda-feira em sua residência é falso".

Mais de 25 vítimas
Mais de 25 pessoas já procuraram a Polícia Civil para denunciar que foram vítimas de Lívia da Silva Moura, irmã do ex-jogador do Flamengo e do Grêmio Léo Moura, na compra de ingressos para o Rock in Rio. Uma única vítima teria sido lesada em R$ 150 mil. Uma segunda diz ter transferido R$ 28 mil através de Pix para a mulher.

Nesta segunda-feira (5), a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MPRJ) cumpriram um mandado de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão contra a mulher, que está foragida. A investigação da 16ª DP (Barra da Tijuca) aponta que ela pode ter faturado R$ 500 mil com as vendas das entradas falsas para o festival de música que acontece no Parque Olímpico.

— Há outros inquéritos em várias delegacias. Na delegacia do Tanque (41ª DP) existe uma investigação de uma pessoa que foi lesada por ela em R$ 150 mil. Só no sábado, 19 pessoas foram barradas na entrada do Rock in Rio por comprarem as entradas falsas com ela — conta o delegado Leandro Gontijo de Siqueira Alves, titular da 16ª DP.

Lívia é investigada pelos crimes de estelionato, violação de direito autoral, organização criminosa e falsificação de documentos. A Justiça do Rio determinou o bloqueio de R$ 300 mil das contas da mulher.

A Polícia Civil agora vai investigar se alguém de dentro da organização do Rock in Rio ajudava Lívia e tinha participação no esquema.

A defesa de Lívia estaria tratando com a polícia a sua entrega. Nesta terça-feira, o Disque Denúncia divulgou um cartaz pedindo informações sobre o paradeiro dela. Atualmente há inquéritos contra ela na 13ª DP (Ipanema), na 16ª DP (Barra da Tijuca) e na 41ª DP (Tanque).

— Estamos levantando outros inquéritos em outras delegacias de outros golpes (cometidos por Lívia) — destacou o delegado.

O Disque Denúncia recebe informações nos seguintes canais de atendimento:

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