Sete de Setembro

Formação do Brasil começou após a Independência

Há 200 anos, Dom Pedro I dava o pontapé para formação do Estado moderno e da atual identidade brasileira

Dom Pedro I declara independência do Brasil

“A formação do Estado brasileiro começou após a Independência”. Quem define bem os 200 anos da independência brasileira é o cientista político Alex Ribeiro. Da margem do Rio Ipiranga, em São Paulo, aos dias atuais, foi preciso muita coisa acontecer antes e muito mais depois. Neste contexto histórico, é fundamental, inclusive, lembrar da participação de Pernambuco. 

“O que se comemora hoje não é momento ocorrido em 1822. Mas sim a apropriação desse evento, após vários anos, pelo próprio povo. A identidade brasileira surgiu, muito mais, a partir do século 20”, ressalta a professora da UFPE e doutora em história, Adriana Paulo da Silva.

“A independência deve ser um momento de celebrar nossa capacidade de continuar sonhando com um Brasil melhor, com menos desigualdade. É acreditar que, em 200 anos, poderemos viver em um país melhor”, ressalta a historiadora. 

Alex Ribeiro lembra que houve resistência da independência em várias partes do país. Alguns portugueses não aceitavam a separação com Portugal. Enquanto oficialmente se proclamava a emancipação do Brasil, locais como Pará, Maranhão e Bahia passavam por lutas internas. Nesse caso, é possível afirmar que no processo histórico brasileiro, ocorreram "várias independências".

Em Pernambuco, por exemplo, em 1824 - depois que o imperador D. Pedro I - dissolveu a Constituinte, centralizando o poder nas próprias mãos, a oposição não aceitou a vinda de um novo governante nomeado por ele e se insurgiu com mais uma rebelião: a Confederação do Equador, projeto de federação que reuniria, além de Pernambuco, as províncias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

A revolta terminou com uma repressão violenta, resultando no fuzilamento de Frei Caneca e na redução do território pernambucano, que perdeu a comarca de São Francisco, transferida, inicialmente, para Minas Gerais e, depois, para a Bahia.

“Pedra no sapato” dos planos de um Brasil unificado, fundamentais para a manutenção do poder dos Braganças aqui e na Europa após uma inevitável independência, as rebeliões pernambucanas do século 19 anteciparam muitas das medidas tomadas décadas depois na construção da República Federativa que vigora atualmente.