Guedes afirma que governo não vai deixar "um real" de custo para o futuro
Ministro da Economia participou de evento com empresários do comércio em São Paulo
O ministro Paulo Guedes disse a uma plateia de empresários do comércio que a atual geração pagou "por duas guerras", sem mandar um real de custo para o futuro. Ele afirmou que o governo está devolvendo a relação dívida x PIB do mesmo tamanho que o governo encontrou, em cerca de 76%. Em julho passado, estava em 78%, mas já chegou a ultrapassar os 80%.
— Vamos receber recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), cerca de R$ 90 bilhões, e vamos devolver a dívida do tamanho que pegamos no início do governo, sem deixar um real de custo para o futuro. A geração de vocês pagou por duas guerras, primeiro a sanitária (com a Covid-19) e depois a geopolítica (entre Rússia e Ucrânia), que afetou preços de alimentos e energia — afirmou Guedes, durante evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), no Clube Atlético Juventus, na Mooca.
Guedes disse que o Brasil tem que ser a imagem e semelhança da plateia de pequenos e médios empresários que acompanhou sua palestra.
— São pessoas que criam sua famílias e pagam impostos até demais. O país precisa ter uma base de classe media. Não adianta ter muitos bilionários. E nós temos um projeto para reduzir a desigualdade social do país, através do fundo de redução de pobreza, que terá recursos de venda de estatais. Estamos devolvendo ao povo esses recursos — garantiu.
Ele lembrou que o governo deu a ajuda possível a empresários, com perdão nas dívidas tributárias, proporcionalmente à queda de faturamento dos negócios na pandemia. Segundo o ministro, 48% do crédito oferecido nas linhas emergenciais criadas foram destinados a pequenos e médios empresários.
— Se faturou 50% menos, teve o mesmo desconto. Mas esse capítulo já está encerrado e o Brasil já está decolando. As previsões para o PIB estão crescendo e para a inflação, caindo — garantiu.
Redução de impostos
Mais cedo, em outro evento, Guedes afirmou que a democracia é um algoritmo de decisão descentralizada e ninguém tem toda a força, o que evita que se cometam excessos. O ministro comparou esse mecanismo ao mundo ocidental, que, segundo ele, vem prosperando com decisões descentralizadas na economia.
— O mundo ocidental prosperou com algoritmo de decisão de economia descentralizada. Nenhum ministro do planejamento vai desenhar o futuro da economia, da educação. Precisamos da troca frequente de opiniões — afirmou Guedes durante o evento #ABX22, que reuniu representantes do setor automotivo, e foi promovido pela Automotive Business, em São Paulo.
Guedes disse que durante a pandemia manteve contato com empresários do setor automobilístico para saber quais eram as necessidades. Desses encontros e das trocas de opiniões, saíram os programas que ajudaram as empresas e os mais pobres a atravessar a crise.
— Desenhamos rapidamente o auxílio emergencial e o programa de preservação de empregos, que evitou que fossem perdidos 11 milhões de empregos — afirmou à plateia.
Guedes voltou a afirmar que a economia brasileira está se recuperando mais rápido do que outras grandes economias do planeta. Ele disse que o Brasil vai seguir crescendo, porque foi o único país que seguiu com reformas durante a pandemia. O ministro afirmou que vai continuar reduzindo impostos, e que o Brasil terá energia mais barata.
O ministro observou que a indústria brasileira vinha sofrendo nas últimas três décadas com falta de crédito, impostos e encargos trabalhistas excessivos, que formam o chamado custo Brasil.
— Com impostos sobre insumos básicos como minério de ferro, fica difícil fazer aço. O imposto atinge o aço antes de chegar à indústria. Vamos baixar o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e reindustrializar o país. Não queremos juros lá em cima atraindo o capital especulativo - prometeu aos representantes da indústria automotiva.
Guedes observou que a indústria automobilística não vai mudar para os carros elétricos do dia para a noite, e que o Brasil tem uma grande oportunidade na reorganização das cadeias produtivas. Ele disse que o etanol é um diferencial do Brasil antes do processo de eletrificação.
— Ninguém vai para o carro elétrico do dia para a noite. Imagine quanto tempo vai levar para todos os postos de gasolina terem pontos de recarga elétrica — disse.