Os escândalos de Charles, da infidelidade a Diana às cartas aos ministros
O novo rei do Reino Unido nunca desfrutou da popularidade de sua mãe, aumentando os desafios que agora enfrentará como rei
Charles tem sido uma figura controversa ao longo dos anos, desde sua infidelidade quando esteve casado com a princesa Diana e suas supostas interferências políticas, até gafes e escândalos envolvendo seus ajudantes.
O filho mais velho da rainha Elizabeth II nunca desfrutou da popularidade de sua mãe, aumentando os desafios que agora enfrentará como rei.
Embora a situação tenha melhorado nos últimos tempos, ele foi criticado por tabloides britânicos por anos por sua indiferença.
Por outro lado, é improvável que o retrato de seus problemas conjugais na série de sucesso da Netflix "The Crown" tenha ajudado sua imagem um quarto de século após seu divórcio de Diana.
Ele também foi acusado de se intrometer na política e, em 2021, seu assessor mais confiável renunciou pela segunda vez em meio a controvérsias.
"Acredito que todas essas coisas são prejudiciais, de 'The Crown' à realidade", considerou em 2021 a escritora da realeza Penny Junor, após a eclosão de um escândalo envolvendo a suposta entrega de honrarias em troca de dinheiro para a caridade pelo então príncipe de País de Gales.
Ser aceito como rei "vai ser difícil para ele aconteça o que acontecer, mas todas estas revelações não ajudam", acrescentou.
"Três pessoas"
A imagem de Charles sofreu um golpe devastador durante sua amarga separação de Diana.
Em uma entrevista explosiva à BBC em 1995, a então princesa de Gales revelou que "havia três pessoas" em seu casamento, referindo-se ao relacionamento de seu marido com Camilla Parker Bowles.
O casal real havia anunciado a separação em 1992, mas como resultado dessa polêmica entrevista acabaram se divorciando em 1996.
Dando sua versão dos eventos – e admitindo sua própria infidelidade – Diana expôs suas lutas dentro da família real, criticando a monarquia e questionando a capacidade de Charles de ser rei.
Isso rendeu à "princesa do povo" grande simpatia do público, que se estendeu após sua morte em um acidente de carro em Paris em 1997.
Charles foi por muito tempo criticado tanto pelo caso extraconjugal, quanto pela má gestão inicial da morte de Diana.
No entanto, aos poucos, ganhou o apoio da opinião pública e a aceitação de que encontrou a felicidade com Camilla, com quem se casou em 2005.
"Aranha negra"
Charles também causou polêmica ao pressionar políticos em privado sobre várias questões públicas, da saúde ao meio ambiente.
Em uma série de cartas entre ele e vários ministros do governo, conhecidos como memorandos da "aranha negra" por sua caligrafia rabiscada, o herdeiro perguntava sobre uma ampla gama de assuntos.
Tornadas públicas em 2015 após uma batalha legal de uma década travada pelo jornal The Guardian, incluíam, entre outros tópicos, seu desgosto pela arquitetura moderna.
A oposição de Charles ao design de vanguarda chamou a atenção do público pela primeira vez em 1984, quando ele descreveu os planos para modernizar a National Gallery em Londres como algo semelhante a adicionar um "monstruoso furúnculo no rosto de um amigo muito elegante e querido".
As cartas da "aranha negra" provocaram reações contra o então futuro rei e preocupações de que ele ultrapassava seus limites.
No entanto, em uma entrevista de 2018 por ocasião de seu aniversário de 70 anos, Charles insistiu que nunca interferiu diretamente na política e que entendia a diferença entre ser príncipe e monarca.
Dinheiro por honrarias?
Mais recentemente, Charles esteve envolvido em um suposto caso de compra de honrarias.
Uma série de reportagens apontou que seus assessores trabalharam para obter uma honra real e até mesmo a cidadania britânica a um empresário saudita que doou grandes somas para projetos de restauração de particular interesse para Charles.
Michael Fawcett, seu ex-camareiro, que se tornou diretor de sua fundação de caridade, renunciou em 2021 após uma investigação interna sobre essas alegações.
Mas esta não foi a primeira denúncia contra Fawcett que, por associação, respingou em Charles. Em 2003, ele já havia renunciado após ser acusado de descumprir as regras do palácio e aceitar gratificações.
Embora mais tarde ele tenha sido absolvido das acusações de má conduta financeira por vender presentes reais indesejados, um relatório interno considerou vários membros da comitiva de Charles culpados de "faltas graves".