História

Livro mergulha no legado arquitetônico do ciclo da cana-de-açúcar em Pernambuco

De autoria de Fernando Guerra, "Açúcar: Riqueza e Arte em Pernambuco" será lançado neste sábado (10)

Capa do livro e imagem do Engenho Morenos - José Luiz Mota Menezes/Divulgação

“Açúcar: Riqueza e Arte em Pernambuco”, lançado pela Cepe Editora, é um livro que chama atenção para uma parte notável do patrimônio histórico e cultural do Estado. Através dele, o arquiteto Fernando Guerra traça um panorama da herança arquitetônica deixada pela produção açucareira colonial em edificações que sobrevivem até os dias de hoje, como igrejas católicas e antigos engenhos. O evento de lançamento ocorre neste sábado (10), às 10h, no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

“Essa publicação nasceu, na verdade, de uma tese acadêmica que defendi em 2020, para me tornar professor titular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em meio às conversas regulares que eu mantinha com o historiador Reinaldo Carneiro Leão, me veio a ideia de falar sobre o açúcar, sua produção e seu legado artístico”, explica o autor, em entrevista à Folha de Pernambuco.

Durante dois anos, Fernando mergulhou em um intenso trabalho de pesquisa, levantando dados e sistematizando informações difusas sobre o período em que o Brasil ainda era uma colônia de Portugal. Ao de 164 páginas, o autor traça um abrangente arco temporal, que vai desde as grandes navegações do século 15, passando pela ocupação holandesa no século 17, até chegar ao século 19.
 

Ao abordar o ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste, Fernando destaca a presença do maneirismo na arquitetura local da época. Segundo o autor, o estilo se constituía numa “expressão artística de transição para o barroco”. Ele destaca como lugares que receberam influência desse movimento em suas construções as cidades pernambucanas de Igarassu, de Olinda e do Recife, além de Porto Seguro e Salvador, na Bahia.

Fernando Guerra, professor da UFPE (Foto: Divulgação)

“Eu queria também reunir em um só livro um estudo abrangente sobre a arquitetura barroca. Antes, essas informações estavam espalhadas e, para você estudá-las, precisava consultar vários livros de diferentes autores. Consegui juntar tudo, em descrições minuciosas, partindo do maneirismo até o rococó, que é o último período do barroco”, complementa.

Influência da metrópole

Dividido em sete capítulos, o livro insere a construção das edificações coloniais dentro de seu contexto histórico, esmiuçando aspectos sociais, políticos e econômicos da época. “Nos primeiros anos de Brasil colônia, nós recebemos uma influência direta da metrópole. A arquitetura brasileira, naquela época, era o retrato da de Portugal. O que há de se notar é que nem sempre havia arquiteto disponível. Então, os mestres de obra copiavam o estilo português e reproduziam a mesma composição nos engenhos”, comenta.

Fernando dedica especial atenção a cinco engenhos localizados em Pernambuco: Morenos, no município de Moreno; Poço Comprido, em Vicência; Monjope, em Igarassu; Gaipió, em Ipojuca, e Santo Antônio de Matas, no Cabo de Santo Agostinho. Além de abordar os aspectos arquitetônicos dessas construções, bem como seus históricos, o livro revela o atual estado de  preservação de cada uma delas.

“Esse legado vem diminuindo consideravelmente com o esquecimento desses espaços. Um estado como Pernambuco, que foi a capitania hereditária mais rica do período colonial, possui tantos engenhos que poderiam ser revitalizados e utilizados como pontos turísticos. Mas o que existe hoje é uma carência muito grande de interesse nesse sentido e, com isso, nós corremos o risco de perder todo esse patrimônio no futuro próximo”, lamenta.

Serviço:

Lançamento do livro “Açúcar: Riqueza e Arte em Pernambuco”
Quando: sábado, às 10h
Onde: Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (Rua do Hospício, 130, Boa Vista)
Entrada gratuita
Preço do livro: R$ 35 (impresso) e R$ 14 (e-book)