Entrevista exclusiva

Marina Sena fala sobre sucesso meteórico, influências, sonhos e novos projetos

Após viralizar o hit "Por supuesto" e lançar de forma independente seu primeiro disco, "De primeira", em 2021, o sucesso chegou rápido para a cantora mineira

Cantora mineira viu sua vida se transformar em apenas dois anos com o sucesso meteórico da carreira - Digital - Marina Sena (Divulgação)

Prestes a completar 26 anos no dia 26 de setembro, a cantora Marina Sena, mineira de Taiobeiras - cidade com menos de 35 mil habitantes do interior - viu sua vida se transformar em apenas dois anos com o sucesso meteórico da carreira, que já a levou aos grandes palcos do País. Após viralizar nas redes sociais e plataformas de música com o hit “Por supuesto”, e lançar de forma independente seu primeiro disco, “De primeira”, em 2021, a fama veio logo.

Em 2022, a artista fez o show do seu disco de estreia no Lollapalooza, participação no palco do Rock in Rio com Luisa Sonza e já se prepara para se apresentar no Planeta Brasil, um dos maiores festivais do País, no final do mês. No último sábado (10), Marina voltou a cantar no Recife como atração principal da festa "Segue o Baile", no Clube Internacional, e bateu um papo com a Folha de Pernambuco.

Sucesso avassalador
“Às vezes quando a gente tá vivendo, não para nem para pensar. ‘Nossa, olha onde eu estava e olha onde estou agora!’. Mas realmente quando eu olho dá até um medinho. É uma doideira essa coisa de ser artista. Não é sobre fama, não é só isso. No fundo, no fundo, é sobre fazer arte. É sobre uma vontade quase fisiológica. Tipo assim, se eu não fizer [arte] eu vou morrer, entendeu? É minha vida. Se eu não fizer eu não estou existindo mais, acabou”, descreve a artista.

“Foi lindo cantar no Rock in Rio. Eu não esperava que fosse cantar lá tão cedo. Um ano de disco, né? Meu primeiro disco, que a gente fez ‘mó na raça’, e já estar no Rock in Rio e ter tocado no Lollapalooza, dois festivais grandes”. Sobre ser convidada por grandes festivais para defender sua música, ela destacou a responsabilidade. “São palcos muito que exigem que seu espírito esteja grande para ocupar aquele palco, senão não dá. Você tem que estar gigante. E aí é uma energia cabulosa. Você tem que emanar para atravessar as pessoas. E é foda perceber que você tem essa energia para ocupar esse tamanho de palco. Quando você percebe isso é muito bonito, é uma força, né?”, celebra Marina.
 

Primeiro grande hit
Quando fala sobre “Por supuesto”, música que alavancou sua carreira, Marina lembra das emoções em ebulição que sentiu ao compor a canção, típicas da juventude. “Quando eu fiz ela eu tinha, sei lá, 18 anos. Eu estava naquela fase pré-adulta, aquela coisa, saindo da adolescência e eu era muito apaixonada. Eu me apaixonava por qualquer pessoa, sabe? E era muito apaixonante também, aquela coisa, aquela vibe. E eu acho que essa música é assim. E isso é uma coisa do ser humano”, conclui. 
“Essa música tem essa energia de pessoa completamente apaixonada. Você canta ela com emoção de estar apaixonado pela pessoa que você deitou no sorriso dela e ela não sabe. E ela traz isso não só na letra, o som dela diz isso. Mesmo se você não entender o que está falando na letra você sabe pelo som da música. Acho que a gente conseguiu chegar em um ponto ideal assim entre o som e a mensagem. E quando isso acontece, quando funciona, acontece isso que aconteceu com ela. Deus abençoe que aconteça isso com outras músicas que a gente vai fazer também”, vislumbra.

 



Sensualidade no palco
O empoderamento do corpo e da sensualidade sempre foram marcas da artista, desde seus primeiros projetos na música, quando participou das bandas Rosa Neon e O outro lado da Lua. “Hoje eu estou muito comportadinha, sério mesmo. Podem ficar tranquilos. Eu já fui pior, já fui doida, tinha uma liberdade maior. Mas agora que estou atingindo um público maior, tenho que dar uma segurada na onda e ficar mais pautado do que antes”, reconhece.

Influências em discos e novelas
Marina Sena se diz viciada em internet e reconhece a importância das redes sociais para o sucesso da carreira. Antes de completar 15 anos, contudo, houve uma fase em que a artista ficou isolada da tecnologia. “Eu não tinha celular nem dinheiro para comprar um celular na época. Fiquei sem celular, sem whatsapp, sem nada. Eu tinha só um celular antigo que mandava mensagem”, conta. Nessa época, ela descobria músicas nos CDs da sua mãe. Eram coletâneas de novelas de artistas como Gal Costa e Djavan e outros compilados. 

“Tinha um disco que eu amava chamado ‘Um barzinho e um violão’. Toda casa tinha esse. Eu descobri várias músicas nesse disco, músicas que eu sei para o resto da vida. Tinha também muita rádio, televisão. Rádio eu escutava muito… eu pedia música no rádio. Eu pedia muito Evril Lavigne”, lembra.

Ouça "De primeira":
 



Relação com a internet
Como qualquer adolescente, quando a cantora teve contato com a internet passou a baixar músicas. “Lembro da primeira vez que eu escutei ‘It’s a long way’, do Caetano Veloso, em uma série de televisão. Eu nunca tinha escutado nada parecido, nunca tinha assimilado daquela forma aquela sonoridade. Aí quando eu escutei, na hora fui baixar e pesquisei de que disco era essa música. Coloquei a letra lá no Google e vi que era do Caetano. Fiquei  impressionada e minha cabeça virou, pois até então eu não conhecia nada dele, não conhecia realmente Caetano. Eu falei ‘mano, que loucura, é isso. Isso daqui é muito foda. E aí já baixei o ‘Transa’ de Caetano Veloso”.

“Eu sou da geração da internet, não tem jeito. Atravessa completamente a existência, a minha geração. Então, quando eu acessei realmente eu falei ‘mano, isso aqui é a vida agora’. Não tem como a gente negar que agora é uma extensão da nossa vida, completamente. As coisas que acontecem na vida real também têm que acontecer lá. Tudo na internet tem proporção maior. Na internet tudo é viral. As coisas boas viralizam, as coisas ruins viralizam”, reflete.

Shows e novos projetos
A velocidade do sucesso, segundo a mineira, traz também o amadurecimento em palco. “Cada dia que passa o show do meu disco fica melhor, porque o músico se faz tocando. Você vai tocando e cada vez melhora, cada vez impacta e a gente que está ali no palco percebendo a evolução, a gente fica de cara. Cada show é um show, sempre. Não tem nenhum palco, nenhum show que é igual ao outro. Cada vez ele é melhor. E aí, naturalmente, o palco, as interações vão evoluindo”.

A artista já anuncia novidades para esse ano, quando deve lançar um novo single ainda esse ano e incluir no repertório dos shows. Quando eu começar a lançar minhas músicas novas, que não vai demorar, nos próximos meses, eu já vou incluir repertório novo no show. Na sequência, outras músicas novas do próximo disco serão apresentadas. “Encerrei com o especial ‘De primeira’, para dizer ‘olha, galera, a música vai mudar um pouco para mim. Agora as coisas estão mudando um pouco e pode ser um pouco assustador, senão não tem graça, eu tenho que me divertir”, adianta.

Sonho na música
“Meu sonho é nunca parar. Eu não quero estagnar. Quero ser cada dia sempre melhor do que eu já fui, do que ontem, do que hoje, sempre. Isso que é o meu grande sonho. Quero muito fazer uma música com Gal Costa, que é minha grande diva. Quero fazer uma música com a Rosalía, que também é maravilhosa e eu sou muito fã. Com a Alicia Keys, que eu adoro também. Se é para sonhar, eu sonho grande. Eu vou sonhar pequeno por quê?”, diz a cantora confiante em um futuro brilhante na música brasileira.