Milton Nascimento: (re)encontra e se despede do público de Pernambuco
Show da turnê "Sua Última Sessão de Música" marca despedida do cantor e compositor dos palcos, neste domingo (11) na Arena de Pernambuco
As linhas que se seguem podem até ser as derradeiras, sobre palcos, cortinas que abrem e fecham, aplausos, shows. Mas tal qual a perenidade de obras majestosas e, portanto, inesgotáveis e infindas, há de se considerar que quaisquer prosas quanto a Milton Nascimento culminam sempre em (re)início, como neste domingo (11) na Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, Região Metropolitana do Recife (RMR), em “Sua Última Sessão de Música.
A turnê do cantor e compositor carioca, na iminência de completar o ciclo dos 80 anos de vida e pouco mais de 60 de trajetória, o tem levado a pisar nos palcos País afora pela última vez, com o propósito de dedicar-se a outros feitos da música, entre eles, o de compor.
“Meu filho e eu estamos pensando nisso desde antes da pandemia. Então foi uma coisa decidida de forma muito natural”, contou Bituca, em entrevista por e-mail a Folha de Pernambuco.
Rio, Europa, Brasil
Pelas estradas do Brasil desde junho, com ‘start’ no Rio de Janeiro após ter passado também pela Europa, e com roteiro assinado por Augusto Kesrouani Nascimento, seu filho, Milton vai entoar repertório que o totaliza como um dos incontestáveis da Música Popular Brasileira, abrindo com “Tambores de Minas” (Milton e Márcio Borges, 1997) e trazendo na sequência com “Ponta de Areia”, música dele e de Fernando Brant, de 1974. Do mesmo parceiro ele percorrerá ainda por “Travessia”, “Nos Bailes da Vida” (1981) e “Canção da América” (1979), entre outras de um dos cancioneiros mais certeiros da música brasileira.
Muita estrada pela frente
“Esse show tem a direção do Augusto, e foi ele quem pensou cada etapa. Desde a produção, passando pela escolha da banda, até o repertório. E o que ele pensou foi exatamente nisso, de que cada etapa da minha carreira fosse representada nesse show”, respondeu Milton ao ser questionado sobre o quão de sua inteireza como artista tem sido exposta nestes shows de despedida dos palcos, fato que segundo o próprio, ainda não está sendo pensado (abstraído).
“Confesso que não parei para pensar nisso ainda. Nós ainda estamos vivendo esse momento da turnê̂ intensamente. Ainda falta muita estrada pra gente em 2022 e, por enquanto, eu quero apenas viver tudo isso, cada cidade, cada show”.
Sobre o Milton Nascimento pós-maratonas de shows – com encerramento previsto para novembro e em Minas Gerais, estado que detém sua alma musical e onde tudo começou, no início da década de 1960 - e saída da cena dos palcos, ele ressaltou não estar (ainda) idealizando a nova fase. “Nosso pensamento tem sido somente nessa turnê. Estamos nos dedicando muito para que as pessoas se sintam felizes em cada show, e é só nisso que estamos pensando agora”.
"Obrigado, Pernambuco"
Com pouco mais de quarenta discos gravados ao longo de seis décadas de música, Milton asseverou: “Sem dúvida, posso dizer que sou muito feliz com tudo que vivi”. E sobre sua passagem pelas bandas de cá, embora por escrito, o “tom” enfático foi audível.
“Recife é parte da minha vida. Pernambuco é parte da minha vida. E nela tem Naná Vasconcellos e tem Cafi. E tem o povo pernambucano, que eu amo. Por isso, não posso deixar de dizer: Muito Obrigado, Pernambuco”. Aos fãs e público neste domingo, portanto, a ‘hora do reencontro com Bituca será também despedida”. Mas quer saber? “Chegar e partir são só dois lados da mesma viagem”. Ao menos para singularidades como Milton Nascimento.
Serviço
Milton Nascimento em "A Última Sessão de Música"
Neste domingo (11), às 18h, na Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata
Abertura dos portões: 16h
Ingressos no site Ticket360, a partir de R$ 150