LUTO

Jean-Luc Godard: personalidades lamentam morte de cineasta

Um dos fundadores do movimento conhecido como "Nouvelle Vague", franco-suíço morreu aos 91 anos nesta terça-feira

Festival 125 Anos de Cinema homenageia Jean- Luc Godard e a Nouvelle Vague - Reprodução

O anúncio da morte do cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, um dos pais da Nouvelle Vague, nesta terça-feira, desencadeou uma série de postagens de luto nas redes sociais. Segundo sua família, ele morreu de "maneira tranquila" aos 91 anos em sua residência na pequena cidade de Rolle na Suíça.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que Godard "foi como uma aparição no cinema francês".

"Então ele se tornou um mestre", acrescentou. "Jean-Luc Godard, o cineasta mais iconoclasta da Nouvelle Vague, havia inventado uma arte decididamente moderna e intensamente livre. Estamos perdendo um tesouro nacional, um olhar de gênio".

A ministra da Cultura na França, Rima Abdul Malak, começou sua postagem com uma citação a Godard, que começa com a pergunta "qual é a sua maior ambição na vida?" — e então vem a resposta "tornar-me imortal, e então morrer".

"Jean-Luc Godard queimou todos os códigos do cinema, varrendo o mundo com uma onda de audácia, liberdade e irreverência. Ele nos deixa um 'livro de imagens' com uma marca inesquecível", completou Malak.

Godard serviu de inspiração para profissionais da sétima arte ao redor do mundo. A aplicação da técnica de edição conhecida como corte seco em "Acossado" (1960) foi um marco, transformando a ilusão de passagem de tempo nos filmes.

Entre as personalidades do Cinema que lamentaram a morte do francês está o diretor, produtor e roteirista Kleber Mendonça Filho que, no Twitter, deixou um agradecimento a Godard pelos ensinamentos que levou para sua vida profissional.

"Jean Luc Godard faleceu. E não vai morrer nunca. Obrigado", afirmou Mendonça Filho.

O cineasta britânico Edgar Wright também escreveu uma mensagem de despedida pelo Twitter.

"Descanse em paz, Jean-Luc Godard, um dos cineastas mais influentes e iconoclastas de todos. Era irônico que ele próprio reverenciasse o sistema de filmagem dos estúdios de Hollywood, já que talvez nenhum outro diretor tenha inspirado tantas pessoas a simplesmente pegar uma câmera e começar a filmar", disse Wright.

Também britânico, o cineasta Asif Kapadia usou a rede social para chamar Godard de "rei" e compartilhou o obituário publicado no The Guardian.

O diretor indiano Onir lamentou que um de seus cineastas favoritos "de todos os tempos" não está mais entre nós.

"O mundo sempre assistirá aos seus filmes", afirmou, completando com o nome em inglês do filme "Acossado" (1960). "Você foi mágico… #RIPGodard".

Conhecido pelo seu estilo iconoclasta de filmar, que parecia quase improvisado, Godard deixou a sua marca na história do cinema com uma série de filmes politizados ao longo da década de 1960, aclamado por obras obras como "O Acossado" e "Alphaville".

Nascido em Paris, em 1930, Godard cresceu e frequentou a escola em Nyon, na Suíça. Voltou a Paris após de terminar os estudos, em 1949, e começou a frequentar os cineclubes que surgiam na época na capital francesa, onde conheceu o crítico André Bazin e outros futuros realizadores, como François Truffaut, Claude Chabrol ou Jaques Rivette.

Godard e Truffaut lideraram a "Nouvelle Vague", que sacudiu o mundo do cinema nos anos 1960. Em 1987, o franco-suíço recebeu um César honorário pelo conjunto de sua carreira. Em 2010, recebeu um Oscar honorário por sua obra. E o Festival de Cannes também concedeu uma Palma de Ouro especial em 2018.