LUTO

Jean-Luc Godard: confira dez grandes obras da carreira do cineasta

Ícone da história do cinema teve a morte anunciada nesta terça-feira, aos 91 anos

Godard, aos 90 anos, afirma que dirá 'adeus' ao cinema após mais dois roteiros - Reprodução / Instagram

Um dos maiores nomes do cinema mundial, o franco-suíço Jean-Luc Godard morreu nesta terça-feira, aos 91 anos. Ele ganhou fama a partir do final dos anos 1950, como uma das principais figuras do movimento artístico francês conhecido como New Wave. Nascido em Paris, em 1930, Godard cresceu e frequentou a escola em Nyon, na Suíça. Voltou a Paris após de terminar os estudos, em 1949, e começou a frequentar os cineclubes que surgiam na época na capital francesa, onde conheceu o crítico André Bazin e outros futuros realizadores, como François Truffaut, Claude Chabrol ou Jaques Rivette.

Também escreveu para a influente revista de crítica de cinema Cahiers du Cinema e defendeu desde sempre o estilo tradicional de Hollywood de fazer cinema. O seu primeiro longa-metragem, em 1960, foi "O Acossado" (À bout de souffle, no original em francês), um dos filmes mais marcantes da chamada "nouvelle vague" francesa, com Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg nos papéis principais.

Ao longo dos mais de 60 anos de cinema, produziu uma série de obras e participou de dezenas de projetos. Abaixo, listamos momentos marcantes da carreira do cineasta.

1952

Foi neste ano que Godard publicou seu primeiro texto na influente Cahiers du cinéma, revista criada no ano anterior, na França, por Jacques Doniol-Valcroze, André Bazin e Lo Duca, sendo uma das mais importantes do cinema do mundo.

1960

Em 1960, Godard lançou o que seria uma das maiores obras de toda a sua trajetória. "O Acossado" é um filme em preto e branco e foi apenas o primeiro longa-metragem do cineasta. Com roteiro original de François Truffaut, a obra foi um marco da nouvelle vague, sendo listado entre os "1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer", os "501 Must-See Movies" e na lista dos "100 Filmes Essenciais" da edição especial de 2009 da revista Bravo.

1962

"Viver a vida" foi o terceiro filme de Godard com sua mulher à época, Anna Karina, no qual ela faz o papel de Nana, que abandona o marido e filhos para tentar carreira como atriz. Dividido em doze “quadros”, levanta questões filosóficas, políticas e sociais, além de propor novas formas de filmar diálogos.

1963

Le Mépris (O desprezo, como foi traduzido) foi "lido" como um reflexo dos problemas entre Godard e a então esposa, Anna Karina, por Richard Brody, no livro "Everything Is Cinema: The Working Life Of Jean-Luc Godard". A complexidade da obra ainda permite ainda leituras sobre "um filme dentro do filme", destacando detalhes da própria concepção do projeto, e outra baseada na construção de um arco entre a antiguidade e a modernidade, segundo o site especializado "À pala de Walsh".

1965

"O demônio das onze horas" (Pierrot le fou, no original) é outra das principais obras da carreira de Godard. Baseado no livro “Obsession”, de Lionel White, foi lançado em 1965 e foi criticado sob acusação de alimentar uma "anarquia intelectual e moral".

1967

Da fase politicamente mais radical de Godard, o filme se inspira no romance “Os demônios”, de Dostoiévski, para centrar foco nas interações entre cinco jovens universitários franceses pertencentes a uma célula maoista que passam as férias em um apartamento em Paris. A obra foi premiada no Festival de Veneza.

1967

No docudrama "Duas ou três coisas que eu sei dela", Godard narra de própria voz a história de Juliette Janson (Marina Vlady), uma dona de casa dos subúrbios franceses que se prostitui para conseguir mais dinheiro. Juliette é Paris, ou qualquer outra grande metrópole ocidental.

1967

Outro libelo político do diretor franco-suíço, "Week-end à francesa" acompanha um casal em viagem de fim de semana que presencia uma escalada de violência no caminho até o interior da França gerada pelos abismos sociais e outras distorções do modo de vida consumista.

1980

Um homem (Jacques Dutronc) e duas mulheres (Isabelle Huppert e Nathalie Baye) se envolvem em um triângulo amoroso na obra "Salve-se quem puder (a vida)". Essa história aparentemente linear serve como pretexto para o diretor, que abandona o radicalismo, falar de cinema e arte.

1985

Provocativo e desafiador, Godard usa, em "Je vous salue, Marie", o dogma da maternidade divina como inspiração para duas histórias paralelas, a de Maria, que trabalha num posto de gasolina, e de um professor que se envolve com uma aluna. O filme foi proibido no Brasil durante o governo Sarney.