América Latina

Venezuela será garantidora de futuros diálogos de paz entre ELN e Colômbia

Maduro lembrou que seu país participou do processo de paz que resultou na dissolução da guerrilha das Farc

Gustavo Petro, presidente da Colômbia - Juan Barreto/AFP

A Venezuela aceitou nesta terça-feira (13) o convite do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, para ser garantidora dos diálogos de paz com a guerrilha do ELN, segundo informações de ambos os governos.

Pouco depois de restabelecer as relações diplomáticas com o governo de Nicolás Maduro, Petro solicitou a incorporação da Venezuela "como país garantidor" das negociações com a última guerrilha reconhecida na Colômbia, em carta pública divulgada nesta terça-feira.

"A Venezuela aceita o caráter de garantidora. (...) Claro que sim!", respondeu Maduro durante um comício.

Assim, Caracas se junta a Chile e Cuba para participar de um processo de paz.

Maduro lembrou que seu país participou do processo de paz que resultou na dissolução da guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na era do falecido ex-presidente Hugo Chávez (1999-2014). Na época, Maduro era o chanceler venezuelano.

A paz da Colômbia é a paz da Venezuela, é a paz da América do Sul", afirmou Maduro.

Petro reativou contatos com o ELN em busca da retomada das negociações interrompidas em 2019 pelo governo de Ivan Duque, depois de um ataque contra uma escola policial que deixou 22 mortos.

Delegados de Petro já se reuniram em Havana com representantes da guerrilha.

Reunião

O primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia antecipou "a realização de uma reunião imediata (com o ELN) na Venezuela", onde, segundo a inteligência militar colombiana, estão localizados vários membros da liderança insurgente.

No final de agosto, o comandante do ELN, Antonio García, assegurou que a guerrilha está coesa diante dos diálogos, diante das denúncias de que alguns de seus líderes bloquearam uma solução negociada para o confronto.

Retomar os diálogos com o ELN é parte de uma política de "paz total" com a qual o novo governo busca por fim ao conflito de quase seis décadas em Colômbia.

A paz com as Farc foi assinada em 2016 e essa ex-guerrilha marxista tornou-se um partido político.

Depois que Petro assumiu o poder em agosto, Colômbia e Venezuela retomaram as relações diplomáticas após três anos de ruptura causada pelo reconhecimento de Duque do opositor Juan Guaidó como presidente venezuelano.

Os dois países compartilham uma fronteira porosa de 2.200 quilômetros e os protocolos de negociação estipulam que, em caso de ruptura, os negociadores do ELN retornarão à Colômbia "em trânsito pelo território venezuelano", lembrou Petro.

Após a suspensão das negociações, o ELN aumentou sua força de 1.800 para 2.500 membros, segundo estimativas oficiais.