China critica "graves" afirmações de Biden sobre defesa de Taiwan
Porta-voz chinês disse que falas do presidente americano podem enviar um sinal de apoio às forças separatistas
A China criticou, nesta segunda-feira (19), as recentes declarações do presidente americano, Joe Biden, de que os Estados Unidos defenderiam Taiwan, no caso de intervenção chinesa, e considerou-as como uma "grave violação" das promessas diplomáticas de Washington.
"Isso envia um sinal ruim e grave (de apoio) às forças separatistas de Taiwan", disse Mao Ning, uma porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, à imprensa.
Essas declarações do presidente americano são "uma grave violação do importante compromisso dos Estados Unidos de não apoiar a independência de Taiwan", acrescentou a assessora.
Ao ser questionado em uma entrevista, no domingo (18), sobre se as tropas americanas defenderiam Taiwan, Biden afirmou que "sim", no caso de "um ataque sem precedentes". Mais tarde, um porta-voz da Casa Branca declarou à AFP que a política dos Estados Unidos em relação a Taiwan "não mudou".
A China considera que Taiwan, com 23 milhões de habitantes, é uma de suas províncias, que não conseguiu reunificar com o restante do território desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949. E Pequim garante que um dia irá fazê-lo, mesmo que seja pela força.
Em sua entrevista, Biden assegurou que os Estados Unidos não estão "estimulando" a ilha a declarar sua independência.
"Gratidão sincera"
Em Taiwan, os comentários de Biden foram bem recebidos pelo Ministério das Relações Exteriores, que expressou sua "sincera gratidão".
"Diante da expansão militar e das ações provocativas da China, nosso governo continuará fortalecendo suas capacidades de autodefesa", afirmou a Chancelaria, em um comunicado.
Biden já havia afirmado, em maio, que os Estados Unidos interviriam militarmente para apoiar Taiwan, no caso de uma invasão chinesa. Acabou recuando e disse que seguia a política de "ambiguidade estratégica" - um conceito deliberadamente confuso que não define se Washington interviria militarmente, ou não, para defender a ilha.
Washington rompeu as relações diplomáticas com Taiwan em 1979 e reconheceu Pequim como o único representante da China, país que se tornou um importante parceiro comercial. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos mantiveram um papel decisivo, embora às vezes delicado, no apoio a Taiwan. E, nos últimos anos, os Estados Unidos e Taiwan se aproximaram, o que tornou as relações entre Washington e Pequim mais tensas.
Na quarta-feira (14), um comitê do Senado americano deu o primeiro passo para mudar a política atual, buscando alocar US$ 4,5 bilhões em ajuda militar diretamente para Taiwan ao longo de quatro anos, em vez de se limitar a continuar vendendo armas para a ilha.
No início de agosto, a visita à ilha da presidente da Câmara de Representantes (Deputados) dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, foi considerada uma provocação por Pequim.
"Estamos dispostos a fazer os maiores e sinceros esforços para uma reunificação pacífica", frisou Mao Mao Ning nesta segunda-feira.
Mas "nunca vamos tolerar qualquer atividade que busque dividir o país e nos reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias", completou.