Música

Tulipa Ruiz lança disco com canções inéditas

Lançado nesta sexta-feira (23) nas plataformas de música, "Habilidades extraordinárias", é o quinto da da artista

Tulipa Ruiz lançou um disco com canções indéditas - Nino Andres Biasizzo / Divulgação

Rompendo um jejum de sete anos, Tulipa Ruiz lança, nesta sexta-feira (23), em todas as plataformas digitais,  o álbum "Habilidades extraordinárias", seu novo disco com composições inéditas, o quinto de sua carreira. Escute o disco.

Segundo a artista, para sobreviver nos dias atuais, as pessoas precisam ser extremamente engenhosas, resistentes, hábeis. "É um disco pós-confinamento, com os hematomas e as dores decorrentes de tanta violência social, política, ambiental, nos relacionamentos, trabalhista. Um disco que tenta expurgar o agora, cultivando a coragem em meio a tanta falta de estímulo. Sobre estar viva e presente, sobre renascer a cada dia. Não é à toa que está chegando no primeiro dia de primavera. Sinto que carrego um cajado comigo – literalmente ganhei um de presente, achado nas montanhas de Minas Gerais – que me abre os caminhos e me traz equilíbrio em meio a tantos atravessamentos e desvios”, afirma.

O álbum
A exemplo dos premiados Efêmera (2010), Tudo Tanto (2012), Dancê (2015) e TU (2017), "Habilidades Extraordinárias" também foi produzido por Gustavo Ruiz, guitarrista e parceiro de várias músicas do repertório da cantora. O álbum, gravado no Estúdio Brocal, de Tulipa e Gustavo, é cercado de cuidados especiais, começando pela captação analógica. “Decidimos gravar o disco na fita ao invés de computador. Utilizamos um gravador Tascam de 8 canais em ½ polegada. O teste definitivo foi Samaúma, a primeira música gravada que norteou a sonoridade do disco”, diz Gustavo.

Escute "Habilidades Extraordinárias:
 


A artista
Além de cantautora, Tulipa é também ilustradora. Faz capas de discos, livros e colaborou com a edição brasileira do prestigiado jornal Le Monde Diplomatique. Paralelamente, desenvolveu a marca Brocal, agência cultural que engloba editora, estúdio, produtora de música (gravações e shows) e e-commerce com merchandising, roupas, presentes criativos. Lá são comercializados seus discos, desenhos e o especialíssimo Dois Cafés, nome de uma de suas músicas. A marca Brocal também abriga as investidas em moda e estilo da artista, que faz parte do line up de estilistas da Casa de Criadores, um dos maiores eventos de moda autoral da América Latina.

E foi na música que seu nome se consolidou. Considerada uma das grandes compositoras da atual música brasileira, Tulipa Ruiz é vencedora do Grammy Latino e de vários outros prêmios. No intervalo entre um disco e outro, lançou um compacto com o lendário João Donato, trazendo duas parcerias, Gravidade Zero, uma parceria dos irmãos com o mestre, e Manjericão, que apresenta o rapper Edgar, O Novíssimo. Compôs Banho para Elza Soares, Ladra para Juçara Marçal, Dia Bom com Tássia Reis, Lilith com Ava Rocha e Baby 95 com Liniker (em parceria também com Tássia e Mamuhndi).

Os dez anos do seu primeiro disco, Efêmera, foram comemorados (com um atraso de dois anos, devido à pandemia) com uma edição em áudio remix, com a participação de artistas consagrados do gênero, e um álbum visual realizado pela Brocal Produtora e Umana Film. Os dez anos (justos) de Tudo Tanto mereceram duas apresentações, 3 e 4 de setembro deste ano, de Tulipa Ruiz e banda à frente da Orquestra Sinfônica de Heliópolis. Em janeiro de 2020, Tulipa e Gustavo rodaram a China fazendo shows e uma residência artística com artistas locais, devidamente acompanhados por um cinegrafista. Ou seja, em breve teremos mais material de grande interesse.   

Sobre a escolha do nome 
“Na última vez em que eu e meu irmão e parceiro musical Gustavo fomos à embaixada estadunidense para tirar mais um visto de trabalho, desta vez para tocar no Lincoln Center nova-iorquino, o cônsul cumpria a lista de perguntas protocolares durante a entrevista quando uma delas quebrou a modorra. De repente, ele perguntou se tínhamos alguma habilidade extraordinária. Como assim, habilidade extraordinária? Praticar Parkour? Trapézio? Voar? Achei bizarro e, meio sem graça, meio sem habilidade, respondi não.

Gustavo foi mais sagaz: sim, temos. Ganhamos um Latin Grammy. Ouviu-se um “Whaaaaaaaaat?” demorado, seguido por um silêncio no ambiente.

O cônsul ficou passado no ferro de Iansã. “Grammy winners? OMG, con-gra-tu-la-tions!”. E carimbou nosso visto na hora, perguntou nossos nomes artísticos, vibrou.

Mais tarde fiquei sabendo que existe um tipo de visto de trabalho para os Estados Unidos facilitado aos indivíduos que alcançaram a excelência nas suas áreas de atuação, seja na ciência, nas artes, educação, negócios ou atletismo. O requerente tem de cumprir uma longa lista de critérios ou ser ganhador de um prêmio com reconhecimento internacional, como um Nobel ou um Grammy.

Apreciei a chancela. Afinal, nós artistas temos o papel de Embaixadores da nossa cultura e, sobretudo agora, a responsabilidade de contar ao mundo o que se passa aqui, onde somos atacados por fazer arte em nosso próprio país.

Foi importante recebermos esse reconhecimento de nossa excelência, pois fazer música no Brasil de hoje configura, sim, uma habilidade extraordinária. Ser uma mulher autora, ganhadora de um prêmio dominado pela indústria em um país onde a maior parte da arrecadação de direito autoral privilegia os homens é, sim, uma habilidade extraordinária.

Sermos autores e produtores de um dos únicos discos brasileiros independentes a ganhar um Grammy, também configura.À medida que fui incorporando a expressão ao meu dia a dia, passei a enxergá-la em muitos lugares e intuí que ela daria nome ao meu próximo disco.

Com tanta coisa acontecendo dentro e fora da gente, na sociedade, com a pandemia, com o jabá́ do algoritmo, com os devotos do fascismo, com tanto baixo astral no planeta, passei a reconhecer como habilidades extraordinárias coisas que antes via como gestos cotidianos, absolutamente normais. Como levantar da cama ou conseguir dormir, como sair e voltar para casa sozinha e em paz sendo uma mulher. Viver e resistir neste contemporâneo é, sim, mais uma habilidade extraordinária.”  

Participações
Das onze músicas, nove são em parceria com Gustavo Ruiz. A banda que acompanha Tulipa nos shows, que além de Gustavo na guitarra, tem Gabriel Mayall no baixo e Samuel Fraga na bateria, gravou todas as faixas de Habilidades Extraordinárias.

O disco tem ainda as participações especiais de Toninho Ferragutti (acordeom em Estardalhaço), Negro Leo (vocais em Pluma Black), Luiz Chagas (guitarra em Pluma Black), Pedro Sá (guitarras em Samaúma e Habilidades Extraordinárias), Jonas Sá (synths ao longo do disco) e João Donato (pianos e sons de passarinhos em O Recado da Flor).

Ficha Técnica
Produzido por Gustavo Ruiz
Direção Artística Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz
Gravado por Eric Yoshino no Brocal Estúdio
Mixado por Eric Yoshino e Fernando Sanches no El Rocha Estúdio
Masterizado por Felipe Tichauer no Red Traxx Mastering
Assistente de Masterização Alejandro “Ramalejo” Ramírez López

*Gravações de base feitas em julho de 2022 no Brocal Estúdio, em São Paulo e gravações adicionais dos músicos Jonas Sá e Pedro Sá feitas por Éric Yoshino no TILT Estúdio, Rio de Janeiro, em julho de 2022

Arranjos: Gustavo Ruiz, Gabriel Mayall, Jonas Sá, Samuel Fraga e Tulipa Ruiz
Capa Single: Tereza Bettinardi
Capa Disco: Nino Andres Biasizzo (Foto), thany sanches (Direção de Arte), Filipe Franco (Pós-Produção), Caio Mazilli e André Djanikian (Revelação fotos analógicas), Tereza Bettinardi (Design Gráfico), Gil Anderson (Beauty) Aline Carvalho (Nails) e Giselda Ruiz (Cajado)
Visualizers: Filipe Franco (Panamá Filmes) e thany sanches (Direção de Arte)
Produção Executiva: Brocal Produtora + Braba Música
Editora: Brocal Edições Musicais / Altafonte Brasil
Distribuição Digital: Altafonte Brasil
Assessoria de Imprensa: Tarantino-Chagas Club
Marketing digital e Media Kit: Brocal Musical