De "ladrão" a "incompetente", Lula e Bolsonaro se atacam a uma semana das eleições
Candidatos atacaram-se nesse sábado (24) em comícios
Os principais candidatos à presidência, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, atacaram-se nesse sábado (24) em comícios, a uma semana das eleições de 2 de outubro.
No segundo de dois atos dos quais Lula participou na cidade de São Paulo, que concentra o maior número de eleitores, Lula afirmou que irá vencer no primeiro turno, e disse que Bolsonaro não sabe governar.
Com 47% das intenções de voto, segundo pesquisa do Datafolha, o petista descartou sua participação no debate televisivo desse sábado, que lhe rendeu críticas de Bolsonaro e dos demais candidatos. "A ausência do ex-presidiário demonstra que ele não tem qualquer compromisso com a população", declarou Bolsonaro antes do programa.
'Ladrão ou não'
Tem sido uma constante de Bolsonaro citar as condenações de Lula pela Lava Jato, cujas sentenças foram posteriormente anuladas pelo Supremo Tribunal Federal devido a problemas processuais, em meio a denúncias de parcialidade envolvendo o juiz Sergio Moro, que se tornou ministro no governo atual.
Em comício na cidade de Campinas antes do debate, Bolsonaro chamou Lula de ladrão: "Do lado de cá, uma pessoa que defende a família. Do lado de lá, um ladrão, que diz que os valores familiares são um retrocesso. Acusam-me de tudo, mas não me chamam de corrupto."
"Ele vai ver se é ladrão ou não", respondeu Lula mais tarde. A família de Bolsonaro foi acusada de irregularidades, o que o presidente nega. "Qualquer coisinha, ele faz um decreto de sigilo de 100 anos. Vou acabar no primeiro dia com isso", afirmou o petista.
'Consertar este país'
"O povo brasileiro não merece passar pelo que está passando", disse Lula, lembrando as conquistas sociais em seus oito anos de governo. "Resolvi ser presidente mais uma vez para provar que um ex-metalúrgico vai consertar este país."
Segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), 33,1 milhões de brasileiros passam fome, um aumento de 73% nos últimos dois anos. Bolsonaro, no entanto, afirmou no debate que o Brasil "é um exemplo para o mundo" e mencionou que seu governo distribui um auxílio de 600 reais por mês para ajudar as famílias mais pobres.
Revolução sem tiros
Lula fez um apelo pelo "voto útil", tentando convencer os antibolsonaristas a votarem nele e definirem a eleição no primeiro turno. Candidatos sem chance real de avançar para um eventual segundo turno criticaram essa estratégia durante o debate, diante do púlpito vazio de Lula.
Em Campinas, Bolsonaro acusou o esquerdista de apoiar a legalização do aborto, das drogas e do controle de armas. "A gente vai fazer uma revolução sem precisar comprar uma arma. A nossa revolução é comprando livros", respondeu Lula durante comício mais cedo no bairro paulistano do Grajaú.
Bolsonaro declarou que após a eleição irá "resolver" a questão das armas, referindo-se a uma decisão do Supremo que suspendeu várias facilidades implementadas por seu governo para o acesso às mesmas devido ao risco de violência política durante a campanha.