Sobrinho de Godard publica vídeo de despedida feito pelo cineasta antes de suicídio assistido
Diretor franco-suíço morreu, aos 91 anos, por meio de procedimento médico legalizado na Suíça; em imagens inéditas, ele aparece em casa
Sobrinho de Jean-Luc Godard, o diretor Paul Grivas publicou, neste domingo (25), um vídeo em que o diretor aparece olhando para a câmera e fumando um charuto, em casa. As imagens com duração de pouco mais de 40 segundos podem ser consideradas o último registro do artista franco-suíço — feito por ele mesmo —, que morreu, aos 91 anos, neste mês, por meio de um suicídio assistido, recurso legal na Suíça.
"Ele não estava doente, apenas esgotado", declarou a família do cineasta ao jornal Libération. "Foi decisão dele e é importante que se saiba". Outras pessoas próximas confirmaram a informação ao jornal francês. Publicado na plataforma Vimeo, o vídeo curto que ele realizou, em casa, tem o título de "Oh! Revoir" ("Ver de novo", em tradução livre), um trocadilho com o termo "Au revoir", que designa "tchau", na língua francesa.
Notre musique / Séquence 23 from des choses comme ça on Vimeo.
Godard é um ícone do cinema moderno. Foi um dos líderes da Nouvelle Vague francesa, movimento que revolucionou o cinema. Nascido na Suíça em 1930, ele mudou as regras convencionais do cinema já em seu primeiro filme, "Acossado" (1959).
Sempre ativo até os últimos anos de vida, o cineasta já havia explicado, numa entrevista, que poderia recorrer ao suicídio assistido. "Se estiver doente demais, não tenho vontade alguma de ficar sendo arrastado num carrinho de mão", disse ele, em 2014.
O suicídio assistido é permitido na Suíça há oito décadas, desde que os motivos não sejam egoístas. Esse tipo de procedimento é diferente da eutanásia, que não é autorizada no país. A principal diferença entre as técnicas é quem realiza o ato final. No Brasil, o ato é considerado crime.
Recentemente, o ator Alain Delon, contemporâneo de Godard (e que trabalhou com o cineasta no filme "Nouvelle Vague", de 1990), afirmou que também pretendia fazer recurso ao suicídio assistido.
Alain sofreu um duplo AVC em 2019 e vem se recuperando aos poucos desde então. Embora seu estado de saúde seja considerado bom, recentemente, ele pediu para seu filho, Anthony, 57 anos, organizar todo o processo e acompanhá-lo em seus últimos momentos.