Energia

AIEA aumenta previsões de produção nuclear ante crise energética

Agência espera poder garantir seu abastecimento energético; Energia nuclear fornece cerca de 10% da eletricidade mundial

Rafael Grossi, diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), durante a Conferência Geral da AIEA - Joe Klamar / AFP

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aumentou suas projeções de produção nuclear pelo segundo ano consecutivo, em um contexto de crise energética e preocupação com as mudanças climáticas. 

Sob o impacto desses dois fatores, "os governos revisam seus portfólios em favor da energia nuclear", declarou a agência da ONU, em um comunicado. 

Espera-se, com isso, poder garantir seu abastecimento energético, uma vez que “a pandemia da Covid-19, as tensões geopolíticas e o conflito na Ucrânia perturbaram os fluxos e provocaram um aumento dos preços”. 

No cenário mais favorável, a AIEA prevê mais do que o dobro da capacidade instalada, que subiria para 873 gigawatts em 2050, contra atuais 390 GW. Antes projetava 792 GW. 

Mas, “para isso, muitos desafios devem ser superados”, adverte a agência, que cita “a harmonização regulatória e industrial”. 

Menciona também a necessidade de "avanços na gestão dos resíduos radioativos de alto atividade", que são materiais não recicláveis provenientes do tratamento de combustíveis utilizados nas centrais. 

A energia nuclear fornece cerca de 10% da eletricidade mundial, em comparação com 37% do carvão, a "fonte de energia dominante". A participação solar e eólica aumentou muito nos últimos anos, passando de menos de 1% em 1980, para 9%, em 2021. 

No ano passado, a AIEA revisou suas previsões para cima pela primeira vez desde o desastre de Fukushima em 2011, ocorrido após um potente terremoto e um tsunami colossal no nordeste do Japão. 

Este acidente representou um duro revés para o setor, mas, com a preocupação com a mudança climática, o interesse por essa energia volta progressivamente.

Seus defensores argumentam que é uma fonte de energia que emite pouco CO2 e é controlável, ou seja, pode ser mobilizada em função das necessidades, diferentemente do vento e do sol. 

Com a crise energética atual, esta tendência tem aumentado, e vários países, como Japão, Bélgica e Alemanha, decidiram voltar a apostar nesta energia, quando já tinham planeado se afastar dela.