Caso Henry: Jairinho participa de audiência em processo por calúnia e difamação contra ex-namorada
De acordo com queixa-crime, ex-vereador e advogado André França Barreto ofereceram imagem da jovem nua a imprensa e criaram rede social e site com relatos de terceiros falando sobre sua conduta 'socialmente reprovável'
O médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, e seu ex-advogado, André França Barreto, devem participar, no início da tarde desta terça-feira (27), da primeira audiência de instrução e julgamento do processo que respondem por calúnia e difamação contra uma ex-namorada do ex-parlamentar. Na queixa-crime encaminhada ao II Juizado de Violência Doméstica de Bangu, a defensora pública Márcia Cristina Carvalho dos Santos afirma que os dois ofereceram imagem de Natasha de Oliveira Machado nua a imprensa e criaram rede social e site com relatos de terceiros falando sobre sua conduta "socialmente reprovável".
No documento, a defensora explica que Natasha e Jairinho mantiveram um relacionamento amoroso, que se iniciou em outubro de 2010, e entre idas e vindas, o término se deu quando ela descobriu que ele era casado e sua esposa estava grávida. Em março de 2021, a moça teria tomado conhecimento, por meio de matérias na televisão e outras mídias, que ele estaria sendo investigado pela morte de Henry Borel, filho de sua então companheira, a professora Monique Medeiros.
Segundo a defensora, tal fato impactou Natasha e sua filha, "pois as fizeram rememorar que na época em que conviviam com Jairo, a menor tinha sido vítima de atos violentos por parte dele. Desta forma, procuraram a Delegacia de Criança e Adolescente Vítima (DCAV) e relataram tudo que viveram, sendo o relatado investigado pelo inquérito policial que deu origem a um processo criminal" em que Jairinho tornou-se réu pelos crimes.
O relato de Natasha e da filha teriam ocasionado, de acordo com a queixa-crime, “uma nova perspectiva na investigação da morte da criança Henry, proporcionando uma nova linha de investigação que nada agradou a Jairo e seu advogado André. Desta forma, como tática de defesa, eles iniciaram uma campanha difamatória violenta”.
A petição narra que foi criado uma conta no Instagram e um site em que era anunciado: “Entenda quem é Natasha e por que ela acusa Jairinho”. A defensora afirma que, enquanto André teve a ideia tática de defesa da exposição moral da conduta da jovem, protagonizando postagens nas redes, criando e organizando as mídias, Jairinho concordou com a estratégia, indicando nomes de seus colaboradores que poderiam gravar depoimentos injuriosos e difamatórios”. Eles teriam, portanto, atuado em “conjunto na empreitada criminosa”.
Em 1º de abril, Natasha teria tomado conhecimento ainda que uma foto sua nua, com endereço residencial no rodapé, estava sendo veiculada em rede social. A imagem trazia a mensagem: “Bom dia amigos, meu nome é Natasha, sou de Bangu, moro na Rua Maravilha e o vereador Jairinho 'colocou peito em mim'".
“Soma-se a isso, o fato deles não só tentarem atingir a querelante, como também incluir na empreitada criminosa seus familiares. A busca da irmã da querelante por emprego foi utilizada nas redes sociais como suposto favor de Jairinho, o que não condiz com a verdade. Apavorada e temendo por sua integridade física, a Querelante dirigiu-se à DCAV e realizou o registro de ocorrência atualmente em andamento na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI)”, escreveu a defensora pública.
Ao GLOBO, o advogado Cláudio Dalledone, que representa Jairinho, informou, por nota, que a “audiência de instrução e julgamento vai fazer com que se caia por terra toda esta estratégia, este estratagema, da construção do perfil de um monstro”. “A defesa sabe que estes processos periféricos visam, única e exclusivamente, construir o perfil de um monstro, tendo em vista que os advogados que atendem ao Leoniel Borel no processo que investiga a morte do Henry, são os mesmos que promovem esta acusação infundada. É algo absolutamente inusitado e que vai cair por terra. São denúncias levianas que a Justiça vai rechaçar”, continuou.
Já André França Barreto disse que “refuta a narrativa apresentada, prova irrefutável disto é que o inquérito policial versando sobre os mesmos fatos foi devidamente arquivado tendo sido reconhecido por varias testemunhas que não houve qualquer participação do advogado nestes fatos”.