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Morre atriz indígena que se recusou a receber Oscar em protesto contra indústria cinematográfica

Em agosto, Sacheen Littlefeather recebeu um pedido de desculpas a atriz por 'abuso histórico' em cerimônia ocorrida há 50 anos

Morre atriz indígena que se recusou a receber Oscar em protesto contra indústria cinematográfica - Reprodução

Morreu no domingo (2) a estrela indígena Sacheen Littlefeather, que se recusou a receber um Oscar, em cerimônia do ocorrida há 50 anos, em forma de denúncia do ‘abuso histórico’ da indústria cinematográfica contra nativos americanos. Em agosto desse ano, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood emitiu um pedido de desculpas pela situação, ocorrida na premiação em 1973.

Na ocasião, a atriz e ativista indígena Sacheen Littlefeather foi vaiada ao recusar, em nome de Marlon Brando, o Oscar que ele havia recebido por "O poderoso chefão". O ator disse que a recusa era um ato de repúdio à atitude da indústria cinematográfica em relação aos povos nativos.

Littlefeather, que pertence às etnias Apache e Yaqui, foi hostilizada durante a entrega do Oscar de 1973 enquanto explicava por que Brando, a quem representava, não iria aceitar o prêmio de melhor ator por “O Poderoso Chefão” em protesto contra o tratamento dado aos nativos americanos pela indústria cinematográfica.

Mais tarde, ela disse que o astro de faroeste John Wayne teve que ser impedido por seguranças ao tentar agredi-la fisicamente, em um incidente que, desde então, atraiu comparações com o ataque de Will Smith a Chris Rock na cerimônia deste ano.

“O abuso que você sofreu por causa dessa declaração foi injustificado”, diz a carta de desculpas enviada em junho pelo então presidente da Academia, David Rubin. “A carga emocional que você viveu e o custo para sua própria carreira em nossa indústria são irreparáveis. Por muito tempo, a coragem que você mostrou não foi reconhecida. Por isso, oferecemos nossas mais profundas desculpas e nossa sincera admiração.”

A Academia divulgou a carta ao anunciar que Littlefeather foi convidada para falar em seu museu de cinema recém-inaugurado em Los Angeles no próximo mês. O museu, inaugurado em setembro do ano passado, prometeu enfrentar a “história problemática” do Oscar, incluindo o racismo. Uma tela já aborda o assédio de Littlefeather.

“Em relação ao pedido de desculpas da Academia para mim, nós somos pessoas muito pacientes, faz apenas 50 anos”, disse Littlefeather em um comunicado. “Precisamos manter nosso senso de humor sobre isso o tempo todo. É nosso método de sobrevivência. É profundamente animador ver o quanto mudou desde que eu não aceitei o Oscar 50 anos atrás. Estou muito orgulhosa de cada pessoa que vai aparecer no palco.”

A Academia mudou para enfrentar acusações de falta de diversidade racial nos últimos anos. Em 2019, a estrela de “O Último dos Moicanos”, Wes Studi, tornou-se o primeiro ator nativo americano a receber um Oscar, com um prêmio honorário reconhecendo sua carreira.

O próximo evento com Littlefeather, o “programa especial de conversa, reflexão, cura e celebração”, acontecerá em 17 de setembro.