Tragédia

Atacante relata 'sete ou oito mortos' no vestiário após briga generalizada na Indonésia

Abel Camará afirmou que haviam corpos dentro dos vestiários e pelas instalações do estádio depois de confusão que terminou em tragédia

Jogadores e funcionários do Arema se juntaram em orações pelas vítimas - Juni Kriswanto / AFP

A briga generalizada no jogo entre Arema e Persebaya Surabaya, na Indonésia, deixou 174 mortos. Alguns destes, de acordo com o atacante português Abel Camará, estavam jogados "como animais" nas instalações do Kanjuruhan Stadium, onde a partida foi disputada.

O relato do atleta, que marcou os dois gols da derrota de sua equipe, o Arema, é chocante. Abel afirmou ter passado por "sete ou oito corpos" no vestiário após a confusão.

"Infelizmente, com as pessoas a fugir do gás e da polícia, algumas tentaram entrar no nosso vestiário, metemos mesas e cadeiras para não derrubarem a porta. Mais um tempo depois, vi sete ou oito mortos no chão do nosso vestiário. Havia muito sangue, tênis e roupas no chão, foi um massacre. O estádio estava cheio, havia mais torcedores do que policiais, e quando morreram um ou dois policiais, a polícia revidou com força", disse, à CNN Portugal.

Aos 32 anos, o jogador nascido em Guiné-Bissau chegou neste verão ao Arema e é um dos jogadores preferidos da torcida. Em Portugal, teve boas passagens por Belenenses e Estrela da Amadora, tradicionais equipes pequenas de Lisboa. Ele destacou o alívio por estar vivo.

"Sinto-me um pouco aliviado. Normal. Ontem vivemos momentos de grande tensão e só pensamos nos nossos filhos e família. Agora é aguardar em casa e ver o que vai acontecer", afirmou, antes de dar seu relato do início da confusão:

"O Persebaya teve uma invasão de campo e os jogadores foram agredidos. O ódio foi crescendo para este jogo, falava-se mais em matar do que ganhar o jogo. Acabamos por perder e quando fomos agradecer, começaram a subir a fumaça das bombas. Fomos para o vestiário e o caos começou."