Eleições

Número de policiais e militares cresce 36% na Câmara dos Deputados

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que PL, de Bolsonaro, emplacou 18 nomes

Câmara dos Deputados - Roque de Sá/Agência Senado

A presença das forças de segurança na Câmara dos Deputados vai aumentar 35,7% em 2023, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dos 1.888 candidatos na disputa, 38 foram eleitos, incluindo três oficiais do Exército. Em 2018, apenas 28 nomes da categoria se elegeram deputados federais.

O estado que mais elegeu integrantes da bancada foi São Paulo, com sete nomes, seguido por Minas Gerais e pelo Rio de Janeiro, com três deputados cada, e caminharam na campanha apoiados em pautas caras à segurança pública. E há casos como o do Pastor Sargento Isidório (Avante), na Bahia, que mesclou pautas evangélicas e de segurança em materiais de campanha.

Juntos, o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, e o União Brasil são as legendas que mais elegeram agentes de segurança na Câmara — foram 47,37% e 15,79%, respectivamente. Da lista total, apenas Delegada Corci (PT) integra um partido mais à esquerda, enquanto o restante se encontra à direita do espectro ideológico.

Segundo o presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, havia uma expectativa de redução da bancada, pelo crescimento do número de candidaturas, o que poderia diluir os votos. Não foi o que aconteceu, apesar do aumento de quase 30% na quantidade de postulantes, em relação aos 1.469 de 2018.

"A eleição desses candidatos sinaliza para um problema que o Brasil não resolveu, que é a segurança pública. O bolsonarismo mais radicalizado aproveitou esse debate, pela chave do armamentismo e do medo, para ampliar a bancada. A composição atual é de pessoas muito ligadas a Bolsonaro", disse o especialista.

Lima ainda afirma que houve uma redução dos policiais com agendas alinhadas às demandas das categorias, como reajuste e plano de cargos e salários. Ele explica que, em 2018, já foi possível notar uma mudança, com a eleição de lideranças mais ligadas ao bolsonarismo. A eleição em 2022, no entanto, foi na contramão da tendência, com o aumento de quadros alinhados com pautas armamentistas e de costumes, bandeiras de campanha de Bolsonaro, e a saída de nomes tradicionais, como o de Subtenente Gonzaga (PDT-MG),que não foram eleitos.

"Reduzimos o tema para a discussão sobre a diminuição de homicídios, mas o sinal que está sendo dado é que se trata de muito mais do que isso: tem a ver com liberdade, com o controle do medo da população, com como a população se entende e se sente segura. Isso confirma que existe um medo da violência. A segurança pública é um fator estratégico para entender o sucesso que o bolsonarismo teve nas urnas", concluiu Renato Sérgio de Lima.