"Os Suburbanos": em novo filme, Rodrigo Sant'Anna faz humor inspirado na Zona Norte carioca
Longa-metragem é adaptação da série homônima exibida pelo Multishow
“Os Suburbanos”, novo filme estrelado e escrito pelo carioca Rodrigo Sant’Anna, leva para as telas de cinema todo o humor da série de TV homônima exibida pelo Multishow desde 2015. Com estreia marcada para esta quinta-feira (6), a comédia mergulha na Zona Norte do Rio de Janeiro, eterna fonte de inspiração para o seu idealizador.
Nascido e criado no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Sant’Anna nunca negou beber da sua origem para dar vida aos tantos personagens interpretados por ele na TV, no cinema e no teatro. “Eu devo tudo a essa alegria que é o subúrbio. Foi o lugar que me deu todo o material que adquiri naturalmente”, comentou o ator, em entrevista à Folha de Pernambuco.
O lançamento do longa-metragem vem coroar uma trajetória iniciada com uma peça teatral de mesmo nome, escrita e dirigida por Sant’Anna, que dividia a cena com as atrizes Thalita Carauta e Isabelle Marques. A obra inspirou o seriado televisivo, que já está em sua sexta temporada.
Com direção de Luciano Sabino, que também está à frente dos episódios para a TV, o filme é uma espécie de prelúdio da série. O programa do Multishow acompanha Jefinho (Sant’Anna), um ex-motorista de kombi alçado ao posto de astro do pagode, lidando com a fama e o dinheiro. Com o longa, o público tem a oportunidade de acompanhar o caminho percorrido por ele até o sucesso.
“Acho que [o filme] representa um pouco da minha própria história. Se bobear, o Jefinho tem um pouco dessa minha virada de chave, de me ver, em algum momento da vida, mudando a direção da minha história. Jamais acreditaria que eu poderia ser a figura que me tornei hoje”, confessou o ator.
Na trama do longa, Jefinho não mede esforços para emplacar seus hits com o grupo Farol do Pagode. Para isso, ele aceita o trabalho como piscineiro na casa de um grande empresário do ramo musical. O problema, no entanto, é conseguir resistir às investidas da esposa do patrão.
Elenco da série retorna
Estão no filme atores e atrizes que também brilham na série, como Babu Santana, Carla Cristina Cardoso, Nando Cunha, Mariah da Penha, Isabelle Marques, Marcello Caridade e Tadeu Mello. Outros nomes se juntam ao elenco, como Cristiana Oliveira e Paulo Cesar Grande, além das participações especiais de Tiago Abravanel, Rafael Portugal e Jojo Maronttinni.
“Como ator, para mim, foi muito satisfatório fazer um exercício de imaginar o que aconteceu antes. É algo que a gente sempre tenta imaginar quando cria um personagem e, agora, se concretizam. Todas as histórias do passado que a gente ficava contando ao longo da série tomam corpo através do filme”, afirmou Babu, que interpreta Wellinto, primo e produtor de Jefinho.
O ator carioca, que participou do “BBB 20”, conta que colocou muito da sua relação pessoal com o principal colega de cena na elaboração do personagem. “Sou fã do Rodrigo desde a época que ele montou a peça. Quando interpretamos uma dupla no seriado “A Diarista” brinquei com ele que, por termos o mesmo sobrenome, poderíamos ser primos. Quando ele me surpreendeu com o convite para fazer o Wellinton na série, eu o coloquei também nesse papel de admirador do Jefinho”, apontou Babu, que compara seu papel no filme ao de um zagueiro de time de futebol, se mostrando “presente nas horas certas e tirando a bola do perigo”.
Carla Cristina Cardoso dá vida a Gislene, esposa do protagonista. Segundo a atriz, a inspiração para o jeito extravagante da personagem veio da sua própria vivência. “Para quem não conhece as periferias brasileiras, quando você pensa que as pessoas estão brigando, elas estão apenas conversando. Todo mundo grita. Era assim na minha rua, dentro de casa. Eu tenho algumas Gisleines na minha família, na minha vizinhança e entre amigas de infância. A favela é um prato cheio”, disse.
Adaptação para o cinema
Sobre a transposição de uma história que é sucesso na TV para o cinema, Rodrigo Sant’Anna afirmou que o principal desafio foi manter a diversão. “O lado positivo de fazer um personagem há tanto tempo é já estar com ele mais maduro, mas também há algo de negativo, que é não ter uma novidade para quem está interpretando. Acho que ir para o início da história, que ainda não foi contada, talvez traga essa sensação de frescor”, opinou.
Segundo o diretor do filme, o DNA e os fundamentos da série foram mantidos, mas foi necessário incorporar a linguagem cinematográfica ao projeto. “Se antes a gente tinha uma televisão para contar aquela história, agora temos um telão, que possui características próprias. Foi muito estimulante pensar que esse universo suburbano poderia ser contemplado de maneira mais ampla, com mais planos sequências e uma decupagem um pouco diferenciada. No entanto, é evidente que estamos fazendo um filme popular”, observou.