Congonhas tem mais de 70 cancelamentos de voos após incidente com aeronave
Pneus de avião de pequeno porte estouraram após o pouso e pista foi interditada no começo da tarde. Impacto na malha aérea chega a 13 estados e o DF
Passageiros enfrentam grandes filas no check in das companhias aéreas, além de atrasos e cancelamentos nos pousos e decolagens no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, o segundo mais movimentado do país, atrás apenas de Cumbica, em Guarulhos. Os pneus traseiros de um avião de pequeno porte estouraram no pouso e a pista principal foi interditada às 13h30. Não há previsão de reabertura, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), resonsável pela administração dos aeroportos.
No começo da noite deste domingo, a Infraero informou que as equipes técnicas sob responsabilidade da empresa proprietária da aeronave seguiam trabalhando para a retirada do equipamento que teve os trens de pouso danificados, sendo necessária uma prancha para a remoção da aeronave. A retirada só ocorreu às 22h02, quase nove horas depois do incidente.
Ao longo do dia, o Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), órgão vinculado ao Comando da Aeronáutica, e o Cenipa apuram as causas do acidente. A pista principal segue interditada e até às 19h, 71 voos foram cancelados, dos quais 34 voos chegadas e 37 partidas previstas de Latam, Gol e Azul.
Pelo menos 13 estados, além do DF, foram afetados pelos cancelamentos. O site da Infraero orienta os passageiros a procurarem as companhias aéreas.
Passageiros que remarcaram passagens da tarde para esta noite ainda não têm a garantia de que embarcarão. As operações em Congonhas se encerram às 23h para evitar barulho na região. Segundo informações da Globonews, ainda não confirmadas, as companhias estariam em negociação com a Prefeitura de São Paulo para estender o horário da operação até 1h30 caso o Learjet acidentado seja retirado da pista.
O médico Ricardo Gamarski, que trabalha na secretaria de Saúde de Brasília, tinha voo marcado pela Gol às 17h55 deste domingo, saindo de Congonhas. Chegou ao aeroporto por volta de 16h e o caos já estava instalado. Ele foi informado de que, enquanto o painel não avisasse que seu voo tinha sido cancelado, deveria ficar na fila.
- Eu e minha mulher procuramos a fila preferencial, mas ficamos quase duas horas até sermos atendidos. Os funcionários da companhia estavam atordoados - afirmou ele, que acabou remarcando a viagem de volta a Brasília para 8h desta segunda, também em Congonhas.
Ele pensou em procurar Guarulhos como alternativa, mas foi informado pela Gol que não havia voos.
- Nem o voucher do táxi que a companhia ofereceu consegui usar. A espera por um carro era de uma hora - afirmou.
Outros passageiros tinham esperança de viajar ainda nesta noite.
"Tinha viagem para Florianópolis hoje à tarde, remarquei para esta noite, mas não sei se vou conseguir embarcar. A informação é que a pista só volta a funcionar amanhã. O saguão está lotado", contou o passageiro Fernando M., numa rede social.
Em nota, a Latam orienta que os passageiros com passagens marcadas saindo de Congonhas procurem informações no site da empresa (latam.com).
Segundo a empresa, os passageiros com voos programados com origem, conexão ou destino em Congonhas, neste domingo, podem postergar ou cancelar as viagens sem custo, fazendo a remarcação ou pedindo o reembolso do valor das passagens aéreas sem cobrança de multa e de diferença tarifária em até 15 dias da data do seu voo original.
Os passageiros que optarem pela remarcação ou reembolso não devem se dirigir ao aeroporto.
Segundo o site da Infraero, foram cancelados os seguintes voos da Latam: Florianópolis, Porto Seguro, Rio, Fortaleza, Goiânia, São José do Rio Preto, Curitiba, Porto Alegre, Salvador,Confins, em Minas, Vitória, Navgantes, Várzea Grande.
"A empresa lamenta os possíveis transtornos que a situação possa ter ocasionado, esclarece que aguarda as operações serem normalizadas no aeroporto", diz a nota da Latam.
Da Gol, havia cancelamentos, segundo a Infraero, para o Rio , Porto Alegre, Curitiba. A Gol informou em nota que oito voos foram alternados para pouso em outros aeroportose 41 foram cancelados na chegada e saída.
"A companhia reforça que presta total assistência aos clientes e recomenda que os passageiros afetados evitem ir para o aeroporto de Congonhas. A Gol lamenta os transtornos causados, mas reforça que ações como essa visam garantir a segurança dos seus clientes", diz a nota da empresa.
Da Azul, foram cancelados os voos para Confins, em Minas e Rio. Os dois voos foram alternados para Guarulhos, informou a empresa.
Já o voo da Azul AD4145, de Recife para Congonhas, foi alternado para Viracopos.
E os voos AD4797 (Congonhas – Santos Dumont), AD4454 (Congonhas – Confins), AD4005 (Santos Dumont – Congonhas), AD4462 (Congonhas – Santos Dumont), AD4250 (Congonhas – Recife) e AD4201 (Recife – Congonhas), AD4456 (Congonhas - Confins), AD2800 (Confins – Viracopos), que tinham a capital paulista como origem ou destino foram cancelados, informou a Azul.
"A companhia ressalta que os Clientes receberam toda a assistência necessária da Azul, conforme prevê a resolução 400 da ANAC, e lamenta eventuais contratempos causados pela situação", disse a Azul em nota.
Avião ficou próximo ao barranco
A pista principal do aeroporto foi interditada por volta de 13h30 deste domingo após os pnseus de uma aeronave de pequeno porte estourarem durante o pouso. O avião, um Learjet 75 prefixo PP-MIX, chegou a derrapar, saiu da pista, e ficou próximo a um barranco na cabeceira da pista que dá para a Avenida Washington Luís.
De acordo com a Infraero, a aeronave transportava três passageiros e dois tripulantes. Ninguém ficou ferido.
"Todas as equipes técnicas foram acionadas e as providências necessárias tomadas de imediato para a retirada da aeronave o mais rápido possível", informou a Infraero em nota.
O avião decolou às 12h16 da cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, e pousou em Congonhas pouco antes das 13h30. Os pneus traseiros do trem de pouso estouraram quando o avião aterrissou.
A pista foi interditada e a previsão era que a liberação ocorreria às 15h30, o que acabou não acontecendo. Ainda não há previsão de reabertura e a chuva que cai na cidade de São Paulo pode atrasar a retirada da aeronave da pista.
A pista auxiliar continuou aberta apenas para a aviação executiva.
Investimentos de R$ 122 milhões
Para ampliar a capacidade do tráfego aéreo em Congonhas, o governo investiu R$ 122 milhões em um dispositivo de segurança: uma área de escape localizada na extremidade da pista, com blocos de concreto que se deformam em caso de impacto com uma aeronave que venha a ultrapassar o limite da pista.
No passado, o aeroporto chegou próximo de 50 movimentos hora, mas a capacidade foi reduzida após o acidente com o A320 da Latam, em 2007.
Com os investimentos realizados em segurança, o aumento do movimento de pousos e decolagens é visto como totalmente seguro pelo setor. No entanto, Latam e Gol vêm alertando sobre problemas de capacidade do terminal de passageiros e também sobre gargalos nas vias de acesso ao aeroporto.