Furacão Julia perde força na Guatemala após deixar seis mortos na América Central
Evento climático deve se dissipar na noite desta segunda-feira (10)
Julia perdeu força nesta segunda-feira (10) e se converteu em depressão tropical na Guatemala, após deixar seis mortos em El Salvador e Honduras, assim como inundações e danos materiais na Nicarágua, na Guatemala e no Panamá.
"O centro de Julia foi para o interior" da Guatemala e "deve se dissipar esta noite, enquanto continua se movendo" no sul do país, disse o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos.
A Polícia de El Salvador informou no Twitter que "ao menos duas pessoas morreram soterradas", após o desabamento de um muro que destruiu uma casa em Guatajiagua. "Removemos os escombros para recuperar os cadáveres", anunciou.
O vice-ministro salvadorenho do Interior, Raúl Juárez, informou que outras duas pessoas morreram em diferentes casos relacionados às chuvas causadas por Julia na região de Sonsonate, no sudoeste do país.
Em Honduras, Wilmer Wood, prefeito da cidade de Brus Laguna, no departamento de Gracias a Dios (leste), em Honduras, informou que duas pessoas morreram depois que um barco virou em meio à passagem de Julia. Uma pessoa está desaparecida, acrescentou Wood.
Na Guatemala, dois homens são dados como desaparecidos após terem sido arrastados pelo rio Cahabón, no norte do país, informou a Coordenadoria para Redução de Desastres (Conred).
O centro de Julia se movia no meio da manhã de segunda-feira em solo guatemalteco e, de acordo com o NHC, "ainda há risco" de inundações e de deslizamentos que "ameaçam vidas" na América Central e no sul do México.
O ciclone atingiu a costa caribenha da Nicarágua no início da manhã de domingo (9) como um furacão de categoria 1, mas foi rebaixado para uma tempestade tropical com fortes chuvas e ventos antes de seguir para o Oceano Pacífico na noite de ontem.
"Sem dormir"
Em El Salvador, onde as autoridades mantêm o alerta vermelho, Julia chegou acompanhada de chuvas persistentes com intensas rajadas de vento que derrubaram árvores e obrigaram evacuações preventivas.
"A zona leste é a que está registrando o maior acúmulo de chuva", com até 200 milímetros na cidade de Berlim, disse o Ministério do Meio Ambiente.
"Tem sido uma chuva com fortes ventos que nos manteve sem dormir e nos deixou sem eletricidade", declarou à AFP Marina Pacheco, uma moradora do estado de Usulután.
A Comissão Executiva Portuária Autônoma (Cepa) informou que, devido às ondas e fortes rajadas de vento, "suspendeu as operações no cais" para a segurança de seus trabalhadores.
O governo montou pelo menos 81 abrigos em todo país, com capacidade para pouco mais de 3.000 pessoas. No momento, mil pessoas estão abrigadas em diferentes áreas.
O prefeito da cidade de San Miguel, Wilfredo Salgado, pediu à população de uma comunidade local "que não coloque sua integridade física em risco", após o chamado Rio Grande transbordar e inundar as ruas.
Danos a infraestrutura
Da Guatemala ao Panamá, as autoridades relataram transbordamento de rios, danos a casas e estradas e pontes total, ou parcialmente, destruídas.
O governo da Nicarágua declarou alerta vermelho após os danos causados por Julia na passagem pelo território, incluindo transbordamento de rios, danos a casas, estradas, escolas e infraestruturas de comunicação.
A vice-presidente Rosario Murillo anunciou que Julia deixou 7.500 desabrigados, 3.000 casas inundadas, outras 2.000 com telhados danificados pelos ventos, 78 rios transbordados e muros desabados.
Segundo a Proteção Civil, os danos em estradas e pontes afetam a mobilidade de cerca de 150.000 pessoas.
Este é o segundo furacão da temporada de 2022 no Caribe centro-americano, após a passagem de Bonnie pela fronteira de Nicarágua e Costa Rica em julho.
A mudança climática provoca um aumento da temperatura dos oceanos nas camadas mais próximas da superfície, o que gera tempestades e furacões mais poderosos e com precipitações mais intensas, segundo os especialistas.