Tragédia

Cinquenta corpos são resgatados após deslizamento na Venezuela

 Além disso, há mais de 50 desaparecidos em decorrência do desastre

Deslizamento na Venezuela causa dezenas de mortes - Federico PARRA / AFP

Cinquenta corpos foram resgatados após o deslizamento que atingiu a pequena cidade de Las Tejerías, na Venezuela, segundo um balanço divulgado na noite desta quinta-feira (13).

"Até o momento, temos oficialmente 50 pessoas que infelizmente perderam a vida e seus corpos foram entregues a familiares", informou o ministro do Interior, Remigio Ceballos, ao canal Telesur.

Nos últimos dois dias, o número de mortos havia ficado em 43.  Além disso, há 56 desaparecidos, um número que Ceballos não atualizou. O presidente Nicolás Maduro chegou a falar em quase "uma centena de mortos".

Segundo o ministro, o trabalho não para nem à noite. "Estamos aqui sem descanso, é a ordem permanente", declarou.

- 'Questão de segundos' -
No último sábado, quando ocorrreu a tragédia em Las Tejerías, choveu em oito horas o equivalente a um mês, segundo autoridades. "Foi uma questão de segundos", contou Jesús Chávez, sobrevivente de 32 anos.

"Conseguimos pular de telhado em telhado e as pessoas começaram a gritar: 'Socorro! Socorro!'(...) um menino primeiro, lhe passei um pedaço de cano, mas ele não conseguiu sair porque a corrente era muito forte. Foi levado". Chávez conseguiu resgatar seis pessoas, entre elas uma mulher "que perdeu seus dois bebês, um de poucos meses".

Com o apoio de cães farejadores e drones, milhares de bombeiros, militares e efetivos da Defesa Civil, com lama na altura dos joelhos e da cintura, mantêm as buscas entre galhos de árvores, escombros e pedras, orientados por moradores que, sem nenhuma esperança de que seus familiares tenham sobrevivido, apenas querem recuperar os corpos para poder sepultá-los.

Autoridades avançaram na limpeza das principais avenidas da cidade e restituíram os serviços de luz, água e telecomunicações. Contudo, ainda há muito a fazer. Há lugares que ainda estão completamente inacessíveis.

Militares lançaram de helicópteros na quarta-feira caixas de comida com pequenos paraquedas para atender a áreas isoladas.

O governo venezuelano habilitou locais para abrigos e anunciou que realocará as famílias em complexos habitacionais sociais em outros estados.

- Visita da ONU -
Uma comissão das Nações Unidas tem planos de visitar, com ajuda humanitária, Las Tejerías nesta sexta-feira, disse à AFP uma fonte da organização. Os insumos que serão entregues ainda estão sendo coordenados com as autoridades sanitárias.

"Tivemos uma reunião com representantes das Nações Unidas, de todo o sistema, que já estão se organizando para entrar de maneira coordenada", disse na quarta-feira a vice-presidente Delcy Rodríguez, que está responsável pela equipe governamental que atende à situação de emergência.

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), por sua vez, informou em uma nota que doou ao Ministério da Saúde venezuelano "medicamentos e material de primeiros socorros para 5.000 pessoas".

"Assim será possível atender às necessidades urgentes de pessoas com diabetes e hipertensão e quem padece de infecções cutâneas e pulmonares", indicou. "Foram doados 10.000 tabletes purificadores de água, cada um deles com capacidade para purificar 10 litros".

Uma comissão da Opas já havia visitado a região no domingo, o dia seguinte à tragédia, segundo o comunicado.