Ministro das Finanças britânico é demitido por Liz Truss em plena tempestade política
Segundo a imprensa britânica, alguns membros de seu próprio partido já tentam destituí-la
O ministro das Finanças britânico, Kwasi Kwarteng, foi demitido nesta sexta-feira (14) em meio a uma tempestade econômica e política que também ameaça a continuidade da cada vez mais questionada primeira-ministra conservadora Liz Truss.
Kwarteng, que na quinta-feira (13) declarou que não iria a lugar nenhum, apesar da turbulência nos mercados financeiros provocada pelo planos econômicos polêmicos do governo, "não é mais o ministro das Finanças", informou a BBC.
Pouco depois, o ultraliberal de 47 anos, nascido em Londres, de pais imigrantes de Gana, confirmou no Twitter que Truss, sua aliada de longa data, o demitiu do cargo.
"Você me pediu para deixar o cargo de ministro das Finanças. Eu aceitei", escreveu Kwarteng em uma carta dirigida a Truss e publicada em sua conta no Twitter.
Em um mercado extremamente volátil por dias, a instabilidade política pesou sobre a libra esterlina, que perdeu 1,10% frente ao dólar, para 1,1199 dólares, e 0,57% frente ao euro, para 86,83 centavos.
Apenas um dia antes, a moeda britânica havia disparado devido a especulações sobre possíveis mudanças na controversa política fiscal britânica.
Kwarteng estava em Washington para participar das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, mas foi divulgado nesta sexta-feira que ele estava retornando a Londres um dia antes do planejado.
Como sinal de grande expectativa da mídia, os canais de notícias locais exibiram ao vivo o pouso do avião da British Airways em que ele chegou ao aeroporto de Heathrow, em Londres.
Pouco depois, foi anunciado que Truss concederia uma coletiva de imprensa à tarde, e muitos já especulavam que a chefe do Governo teria demitido seu ministro das Finanças e braço direito, na tentativa de se manter no cargo.
Sob forte pressão
A primeira-ministra conservadora, cujo governo parece estar à beira da implosão, falará em um contexto particularmente tenso, em meio a uma crise de confiança.
Segundo a imprensa britânica, alguns membros de seu próprio partido já tentam destituí-la, dadas as desastrosas pesquisas que preveem uma derrota esmagadora para os conservadores nas próximas eleições legislativas.
As eleições estão programadas apenas para janeiro de 2025, no mais tardar, mas a tempestade política e econômica causada pelos controversos cortes de impostos decididos por Kwarteng e Truss parecem impossibilitar a permanência da líder conservadora no poder até então.
Sob pressão do partido, Truss e Kwarteng já tiveram que abandonar uma de suas medidas mais polêmicas no início de outubro.
Trata-se da abolição da alíquota máxima, de 45%, para rendas acima de 150.000 libras (170.000 dólares) por ano, acusada de favorecer os ricos quando muitos britânicos afundam na pobreza oprimidos pela inflação que já está próxima de 10% e deve continuar aumentando.
Também buscando garantias, Kwarteng concordou mais tarde em antecipar a publicação de suas previsões orçamentárias para 31 de outubro, em vez de 23 de novembro como anunciado inicialmente.
Mas não foi suficiente e a apresentação agora deve ser feita por seu sucessor.