Ceasa 60 anos

Ceasa completa 60 anos de olhos abertos para o futuro

Administrar uma cidade com os olhos voltados para o futuro. Esse é o objetivo de Bruno Rodrigues, presidente do Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE), que comanda a organização social independente do Governo do Estado

Planos para ampliar as vendas inclui a implantação de um marketplace, segundo Bruno Rodrigues - Ed Machado/Folha de Pernambuco

Administrar uma cidade com os olhos voltados para o futuro. Esse é o objetivo de Bruno Rodrigues, presidente do Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE), que comanda a organização social independente do Governo do Estado. Administrador de formação pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Bruno assumiu o comando do Ceasa em julho deste ano com o intuito de expandir o volume de vendas do principal centro de abastecimento do Nordeste e requalificar todo o espaço construído de 325 mil metros quadrados (m²). Nova entrada, intervenções de mobilidade, interiorização do centro e modernização, estão entre as principais metas da gestão de Bruno no Ceasa.

Confira a seguir, a entrevista exclusiva com o presidente do Ceasa Pernambuco.

Quais os projetos para levar a presença do Ceasa ao interior do Estado?
Queremos criar Mini Ceasas. Teremos minicentros de abastecimento em cidades polos do Estado para que o produtor possa vender diretamente com rentabilidade e sem atravessadores. Isso não vai acabar com as feiras municipais, pelo contrário, vai ser um fator de geração e riqueza. A nossa ideia é a de criar locais com projeto técnico, operacional e econômico para não interferir na Capital, evitando concorrência e sendo um trabalho complementar. É algo para escoar os pequenos produtores. A prefeitura vai entrar com o terreno da Mini Ceasa e nós com a experiência.

Como o Ceasa tem pensado quanto à modernização?
Temos dois pilares. O primeiro da instituição do Compliance, onde estamos avançados e seremos o primeiro a ter esse setor instalado no País entre todas as centrais. Vamos ter uma gestão moderna realizando o acompanhamento das compras, dos funcionários, assim como numa empresa privada. Paralelo a isso, temos a Lei Geral de Proteção de Dados, que estamos implantando e seremos a primeira Central de todo o País a ter uma legislação oficializada. Vamos ampliar ainda mais o nosso monitoramento com a instalação de novas câmeras. Um diferencial será a implantação de reconhecimento facial na entrada e na saída, conectado com a SDS. Teremos um Centro Tecnológico que será construído e assim permitir mais recursos de base tecnológica no local.

O canal de vendas do Ceasa pode ser ampliado?
É possível e para isso vamos implantar um marketplace. Todos compram aqui e as pessoas acabam não conseguindo pesquisar tanto. Vamos criar essa plataforma para que qualquer pessoa possa comprar algo por meio do recurso, otimizando ainda custos para os compradores. A gente vai cadastrar os comerciantes e os preços, onde o comprador vai poder escolher se quer retirar os produtos ou receber na sua casa ou no estabelecimento, de forma mais barata. Isso tudo vai facilitar para o cidadão e o comerciante que enfrenta dificuldades ou tenha um custo elevado ao ir para o Ceasa. Será uma plataforma moderna e com isso ampliamos o canal de vendas dos consumidores, porque tem gente que só vende lá e não tem tanta visibilidade.

Existe a possibilidade de uma nova entrada ser construída?
Temos hoje duas entradas e vamos construir mais uma, cujas obras começam ainda este ano. A nova opção que vamos dar ao usuário é por meio da BR-232. Esse será o terceiro ponto de entrada e escoamento, que faz parte do projeto de triplicação da rodovia. O projeto está pronto e vamos desenvolver junto com o DER, que é nosso parceiro. Essa ampliação vai facilitar o tráfego e vamos valorizar as áreas internas que são distantes das duas entradas já existentes. Com uma nova, os estabelecimentos do lado da BR-232 serão beneficiados.

Além da nova entrada, outras obras de mobilidade estão no radar?
 Estamos querendo melhorar a sinalização e trânsito, qualquer pessoa hoje tem dificuldade em encontrar produtos. Quem vem muito já vai direto ao local que deseja, mas quem vem pela primeira vez encontra dificuldade. Vamos sinalizar tudo e isso vai facilitar e melhorar o trânsito. Vamos inaugurar ainda um novo estacionamento de caminhões, um espaço grande onde eles vão poder descarregar e aguardar no local. Tem ainda a questão da iluminação aliada a segurança, onde vamos colocar tudo em LED para ampliar e ter em 100% da área interna ao longo dos próximos meses.

Como garantir que servidores e empreendedores possam ter uma melhor qualidade no trabalho?
Queremos implantar uma creche para atender as nossas servidoras e também os servidores, além dos comerciantes que aqui trabalham. Temos um local disponível e será uma forma para que o trabalhador tenha mais segurança e consiga atuar ou gerir o seu negócio. Vamos ainda ampliar para que quem venha do interior possa deixar o seu filho ou filha no local. Ainda teremos a implantação de cursos profissionalizantes com a Seteq do Governo do Estado. Vamos fornecer para os funcionários e depois para os comerciantes para promover a qualificação.  

Como o Ceasa consegue contribuir com a segurança alimentar?
Todos os produtos que chegam no Ceasa vão para um laboratório fazer teste, não entra qualquer tipo de alimento. Assinamos um termo com o Ministério Público, Apevisa, Adagro, para conseguir isso. Existe um monitoramento diário onde tiramos amostra para ver se está na legislação vigente.

Como o lado social contribui para o desenvolvimento do Centro?
Com o lado social temos braços interessantes como o programa Sopa Amiga, referência nacional. Ao fazer essa sopa, pegamos os materiais doados pelos comerciantes que seriam descartados, mas que ainda têm um alto valor alimentar. Um produto amassado acaba sendo mais difícil de ser comercializado e com isso destinamos eles para as sopas. A nosso cargo, entramos com a parte de proteína e os funcionários para realizar toda a preparação. Com isso, são 5 mil pessoas atendidas. O que é descartado levamos para fábrica de adubos, onde fazemos 40 toneladas por mês com o resto dos alimentos e distribuímos com os produtores dos municípios que atuam aqui. Temos uma das menores perdas do país, de apenas 4%, e isso mostra a eficiência do trabalho que é feito no Ceasa Pernambuco.

O que esperar do Ceasa no futuro?
Podemos esperar um Centro de Abastecimento moderno, talvez um dos mais modernos do País. Com o aumento do volume de negócios queremos ser o terceiro maior do Brasil e esperamos ampliar as vendas para, assim, garantir segurança alimentar e uma modernização do centro. O Ceasa é um desafio permanente e o nosso objetivo é dar ainda mais qualidade para quem utiliza o local em seu dia a dia.