Caos em Congonhas

Reunião da Anac após incidente em Congonhas não toma medidas práticas, mas cria "comitê"

Grandes empresas querem restringir o uso do terminal paulistano para jatinhos, mas governo sinalizou que não deve acatar este pedido

Passageiros no Aeroporto de Congonhas - Rovena Rosa/Agência Brasil

A primeira reunião da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para tratar do caos causado pelo incidente com um avião executivo de menor porte que fechou o aeroporto de Congonhas no domingo, afetando cerca de 300 voos, terminou, nesta sexta-feira em Brasília, sem nenhuma resolução prática. A maior decisão do órgão foi a criação de um Comitê Colaborativo de Gestão de Crise, com objetivo de melhorar a eficiência do terminal em momentos de crise, segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

Segundo a Abear, os cancelamentos e atrasos de voos afetaram 35 mil passageiros e geraram um prejuízo estimado em R$ 15 milhões. No início da tarde de domingo, todas as decolagens e pousos no aeroporto central paulista foram suspensos por quase nove horas por causa de um avião de pequeno porte que teve problemas mecânicos na hora do pouso e ficou parado na pista. A pista só foi liberada depois das 22h com a remoção da aeronave.

Com o incidente, as grandes companhias de transporte regular de passageiros reforçaram um movimento para retirar as aeronaves de pequeno porte e jatinhos de Congonhas. Já representantes da aviação executiva contestaram a iniciativa, alegando que uma das principais vocações de Congonhas por ser um aeroporto central e com espaço restrito é justamente voos regionais e de negócios.

A aviação executiva opera atualmente oito movimentos por hora em Congonhas, dois na pista principal e seis na pista auxiliar.

Integrantes do governo não veem motivos para reduzir o número de movimentos da aviação regional em Congonhas e avaliam que existe interesse dos dois lados, das grandes empresas que não querem dividir espaço e das pequenas que insistem em não perdê-lo.

A paralisação das operações em Congonhas, que funciona como hub, centro de distribuição de rotas, causou efeito cascata em vários aeroportos do país. Sem poder viajar, muitos passageiros viraram a noite em Congonhas, que teve filas e usuários dormindo no chão.

Segundo a Infraero, o aeroporto tem capacidade para 40/41 movimentos por hora, considerando aviação comercial e regional. Com a privatização de Congonhas, o plano é aumentar para 44.