Brasil fica 30 pontos percentuais abaixo da meta de imunização contra polio
Apenas 65,6% das crianças de 1 a 5 anos foram imunizadas, índice bastante abaixo da meta de 95% dessa população
Mais de dois meses após o início da campanha de vacinação contra a poliomielite, o Brasil segue distante da meta. Até o momento, apenas 65,6% das crianças de 1 a 5 anos foram imunizadas, índice bem aquém da meta de 95%. Em um evento pelo Dia Nacional da Vacinação, o Ministério da Saúde informou ainda que apenas 44,8% das crianças menores de 1 ano foram vacinadas.
A meta da pasta era vacinar 11,5 milhões de crianças de 1 a 5 anos, o que representa 95% desse grupo. Há três dias, a Paraíba foi o primeiro estado do país a atingir a meta de vacinação, com 95,1% do público-alvo imunizado. O Amapá, segundo o Ministério da Saúde, se aproxima da meta com 90,8% das crianças dessa faixa etária vacinadas.
— Não queremos nenhuma doença erradicada entre nós e a receita para que não tenhamos mais essas doenças: vacinar a nossa população, principalmente nossas crianças. É inaceitável que em pleno século XXI tenhamos sofrimento das crianças por doenças que estão erradicadas há muito tempo — disse o ministro da saúde, Marcelo Queiroga.
O ministro destacou que a falta de memória da geração atual de pais a respeito da gravidade da doença é um dos fatores que dificulta a vacinação. Queiroga afirmou ainda que há subnotificação.
— A meta é atingir 95% das cerca de 15 milhões de crianças aptas a receber essa vacina. Apesar de todos os esforços vivemos um problema mundial que é a queda das coberturas vacinais. Em parte se deve ao fato de as pessoas não se lembrarem o que representa uma doença como a poliomielite. Temos que continuar alertando para que tragam as crianças para sala de vacinação. Outro ponto que contribuiu para a queda da cobertura foi a pandemia da Covid-9, a maior emergência sanitária que o mundo já viu, que levou os principais sistemas de saúde do mundo ao colapso — afirmou.
O ministro refutou as críticas a respeito da falta e campanhas de publicidade feitas pelo governo sobre o tema. Segundo ele, a pasta gastou cerca de R$ 200 milhões em ações publicitárias. Queiroga defendeu que seja feita busca ativa.
— (Temos de) trazer as pessoas de volta para campanha de vacinação. Temos que ir até essas pessoas, uma busca ativa. A Paraíba atingiu a meta. Se o estado da Paraíba atingiu, todos os outros estados podem atingir — defendeu.
A campanha de vacinação contra poliomielite teve início em 8 de agosto. A previsão inicial era que a a vacinação fosse até o dia 9 de setembro, mas o Ministério da Saúde resolveu estender o prazo até o dia 30 de setembro devido à baixa procura pela imunização. Mesmo após o fim da mobilização, a vacina fica disponível no Sistema Único de Saúde.
O último caso de poliomielite, conhecida como parilisia infantil, foi registrado no Brasil em 1989. A doença foi erradicada no país em 1994. Apesar disso, a baixa cobertura vacinal contra a doença tem preocupado autoridades de saúde. A ocorrência de casos em países que já tinham erradicado a doença, como os Estados Unidos, também acendeu o alerta.
Até o momento, o Tribunal Superior Eleitoral já barrou três pronunciamentos do ministro da saúde sobre o tema. Isso porque a lei eleitoral proíbe publicidade institucional nos três meses anteriores à eleição. A única exceção é em casos de grave urgência, que devem ser assim entendidos pela Justiça Eleitoral.