Saúde

Estudo aponta que produtos para alisar o cabelo podem aumentar o risco de câncer de útero

Substâncias químicas como formol, presente nesses produtos, podem contribuir para o aumento do risco de câncer

Mulheres que usam esses produtos com frequência, mais de quatro vezes por ano, têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer de útero - Pixabay

Os produtos usados para alisar o cabelo aumentam o risco de câncer de útero, revelou um novo estudo publicado nesta segunda-feira (17).

As descobertas, publicadas no Journal of the National Cancer Institute, são especialmente relevantes para as mulheres negras, que representam a maioria dos usuários de produtos de alisamento nos Estados Unidos, e para as adeptas do chamado "alisamento brasileiro".

Cientistas elogiaram o estudo e pediram mais pesquisas para confirmar as descoberta. 

As mulheres que usam esses produtos com frequência, mais de quatro vezes por ano, têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer de útero, principalmente câncer de endométrio. Essa doença não deve ser confundida com câncer de colo do útero.

Estimamos que 1,64% das mulheres que nunca usaram um produto para alisar o cabelo terão desenvolvido câncer de útero aos 70 anos. Mas, para as usuárias frequentes, esse risco aumenta para 4,05%, estima em comunicado Alexandra White, principal autora deste estudo publicado no Journal of the National Cancer Institute.

"A duplicação dessa taxa é preocupante", acrescentou. Ainda assim, o câncer uterino é relativamente raro, representando cerca de 3% dos novos casos de câncer nos Estados Unidos.

O câncer uterino representa cerca de 3% dos novos casos de câncer nos Estados Unidos, mas é o mais comum do sistema reprodutor feminino. O prognóstico costuma ser bom se detectado a tempo, mas o tratamento geralmente envolve a remoção do útero, o que impossibilitaria a gravidez.

O estudo se baseia em dados de 33.500 mulheres americanas, acompanhadas por quase 11 anos.

Como as mulheres negras usam esses produtos com mais frequência e tendem a começar mais jovens, "esses resultados podem ser particularmente interessantes para elas", disse Che-Jung Chang, co-autora da pesquisa.

Aproximadamente 60% das mulheres que afirmaram ter usado produtos de alisamento no ano passado se identificaram como negras.

 Alisamento brasileiro
"O preocupante é que existem substâncias químicas nesses produtos que agem essencialmente como estrogênio no corpo", disse White. Essa ação interrompe os processos hormonais normais, e isso pode influenciar o risco de câncer.

A segunda possibilidade levantada é a de que alguns produtos tenham substâncias cancerígenas, como o formaldeído, para quebrar as ligações entre as proteínas da queratina do cabelo, alterando sua estrutura e alisando-o.

O tratamento de queratina conhecido como "alisamento brasileiro" era popular quando as mulheres se inscreveram neste estudo, entre 2003 e 2009. No entanto, seu uso diminuiu consideravelmente desde então.

Os pesquisadores não coletaram informações sobre produtos e marcas específicas, mas apontam que várias substâncias químicas presentes nesses tipos de produtos podem contribuir para o aumento do risco de câncer. Além do formaldeído, conhecido popularmente como formol, o estudo cita também parabenos, bisfenol A e metais.

Em comparação com outras categorias, os produtos para alisar o cabelo podem promover a absorção de substâncias químicas por meio de lesões ou queimaduras no couro cabeludo, ou através do uso de chapinhas, cujo calor decompõe as substâncias, aponta o estudo.

Outros estudos já estabeleceram uma ligação entre alisadores e um maior risco de câncer de mama.