Haiti

Secretário-geral da ONU diz que Haiti vive 'absoluto pesadelo'

Guterres voltou a pedir, em reunião da ONU, o envio de uma força armada internacional para ajudar a nação caribenha

Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres - Maxim Shipenkov / Pool / AFP

O Haiti vive uma situação de "absoluto pesadelo", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta segunda-feira (17), ao repetir, antes de uma reunião do Conselho de Segurança, seu apelo para o envio de uma força armada internacional à nação caribenha.

A situação é absolutamente dramática. O porto está bloqueado por gangues que impedem a saída de combustível [...] Como não há combustível, não há água. E há um surto de cólera, cujo tratamento requer uma boa hidratação, disse Guterres aos jornalistas."Então, é uma situação de absoluto pesadelo para a população do Haiti, especialmente em Porto Príncipe", a capital, acrescentou.

O terminal petrolífero de Varreux, o mais importante do Haiti, permanece bloqueado por gangues de criminosos armados desde meados de setembro, o que paralisou todo o país.

Nesse contexto, o secretário-geral pediu recentemente, em uma carta ao Conselho de Segurança, "examinar urgentemente a solicitação do governo haitiano de enviar, sem demora, uma força armada internacional especializada para enfrentar a crise humanitária".

Milhares de haitianos se manifestaram no dia seguinte nas ruas de todo o país para denunciar o apelo do governo por ajuda externa.

"Nas circunstâncias atuais, precisamos de uma ação armada para liberar o porto e permitir que se estabeleça um corredor humanitário", insistiu hoje Guterres.

"Estou falando de algo que deve ser feito com critérios humanitários rígidos, independentemente das dimensões políticas do problema, que deve ser resolvido pelos próprios haitianos", detalhou.

O Conselho de Segurança da ONU discutirá a situação no Haiti nesta segunda-feira.

Segundo um projeto de resolução obtido pela AFP, ainda em discussão e que será submetido à votação mais adiante, os membros do Conselho poderiam "incentivar" os governos a "considerar urgentemente" o envio de uma força multinacional no Haiti.

O texto se concentra principalmente no estabelecimento de um embargo de armas "seletivo", dirigido a certas pessoas e entidades.

Também prevê a proibição de viagem e o congelamento de ativos de pessoas e entidades vinculadas a grupos armados e redes criminosas.

O único mencionado é Jimmy Cherizier, apelidado de "Barbecue", "um dos líderes de gangues mais influentes", cuja organização é responsável pelo bloqueio do terminal de Varreux.

Sobre a cólera, que retornou ao Haiti depois de três anos de ausência, o porta-voz de Guterres reportou nesta segunda-feira 66 casos confirmados, outros 564 casos suspeitos e 22 mortos, em especial em Porto Príncipe e arredores.

A esses casos se somam os da penitenciária da capital: 271 suspeitos, 12 confirmados e 14 mortes.