Nome central da escultura da Geração 80, Angelo Venosa morre aos 68 anos
Artista foi diagnosticado em 2019 com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa
Um dos principais nomes da geração dos anos 1980 na arte brasileira, Angelo Venosa morreu nesta segunda-feira (17), aos 68 anos, em decorrência da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença degenerativa com a qual foi diagnosticado em 2019.
Raro escultor entre os vários pintores e artistas dedicados a outros suportes da chamada Geração 80, Venosa explorava formas orgânicas em suas obras, que se assemelhavam a estruturas da anatomia, como ossos e vértebras, sobretudo a partir dos anos 1990. Mesmo remetendo a formas que se assemelhavam a grandes esqueletos ou partes de animais, suas grandes esculturas e instalações seguiram indecifráveis ao espectador, sempre o envolvendo num processo de descoberta e encantamento.
Paulistano e descendente de italianos, Venosa frequentou a Escola Brasil em São Paulo, em 1973, antes de mudar-se, no ano seguinte, para o Rio, onde estudou primeiro na Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), até 1977, e depois nos cursos no ateliê livre da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, na década de 1980.
Em 1983, participou de sua primeira coletiva, "Pintura! Pintura!", na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio. Na mesma cidade, fez a primeira individual em 1985, na Galeria de Arte Centro Empresarial Rio. Em 1986, participou da histórica mostra "A nova dimensão do objeto", montada no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), com curadoria de Aracy Amaral.
No ano seguinte, participou da 19ª Bienal Internacional de São Paulo. Expôs em Estocolmo (Suécia) e em Roma (Itália), em 1990; em Caracas (Venezuela), em 1991, 1992 e 1998; Em Bogotá (Colômbia), em 1993; e Lisboa (Portugal), no ano 2000. Em 1993, também esteve entre os artistas da 45ª Bienal de Veneza.
Em 2018, já diagnosticado com ELA e apoiando-se numa bengala, expôs no Paço Imperial do Rio uma grande instalação batizada de "Catilina". Em entrevista ao jornal Globo, o artista comentou sobre a relação da obra com a finitude:
"Tudo muda. Lembro de quando era adolescente, sob a ditadura, a sensação era de que aquilo não ia acabar nunca. Por mais que houvesse resistência, clandestinidade, parecia eterno. Mas acabou. Não do jeito que se imaginava. Apodreceu por dentro. Isso vai acontecer em algum momento, de novo. E certamente eu não vou estar aí para ver".