Guerra na Ucrânia

Ataques russos deixam ao menos oito mortos na Ucrânia, alguns com drones 'camicaze'

Atentado também danificou várias instalações elétricas do país

Guerra na Ucrânia - STRINGER / AFP

Ataques russos, incluindo alguns com drones "camicase", deixaram pelo menos oito mortos e danificaram na Ucrânia nesta segunda-feira (17), uma semana depois de uma onda de bombardeios maciços.

No total, "o inimigo realizou nove ataques com mísseis, 39 ataques aéreos, [disparou] até 30 projéteis com múltiplos lança-foguetes" ao longo do dia, resumiu pela noite o Estado-Maior do exército ucraniano.

Além da capital Kiev, foram atingidos os subúrbios de Kharkiv e Sumy (nordeste), Donetsk (leste), Dnipropetrovsk (centro-leste), Kherson e Mykolaiv (sul), acrescentou.

Foram atingidas infraestruturas cruciais de três províncias, entre elas Kiev, o que deixou "centenas de localidades" sem eletricidade, informou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, que acrescentou que houve registro de "cinco ataques de drones" de suposta fabricação iraniana apenas na capital.

O exército russo, por sua vez, parabenizou-se por ter atingido todos os seus alvos com "armas de alta precisão".

Enquanto isso, no sudoeste da Rússia, um caça-bombardeiro supersônico russo caiu em uma área residencial perto da fronteira com a Ucrânia, deixando ao menos três mortos.

A Rússia 'mata civis'
A Rússia "mata civis, atinge casas e infraestruturas", denunciou o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.

Entre os mortos, "há uma família que esperava um bebê", acrescentou o mandatário. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, confirmou que havia uma grávida de seis meses entre as vítimas.

"O inimigo pode atacar nossas cidades, mas não conseguirá nos destruir", afirmou Zelensky.

De acordo com os serviços de emergência ucranianos, um drone "kamikaze" atingiu também um edifício administrativo em Kiev.

Jornalistas da AFP na capital ucraniana viram drones sobrevoando um bairro central da capital e agentes da polícia disparando contra os mesmos com armas automáticas.

"Estamos aqui há quase meia hora e quatro drones caíram", explicou um dos policiais, Yaroslav, ainda nervoso. "Dá um pouco de medo, mas é o nosso trabalho [...] Devemos fazê-lo", acrescentou.

O novo titular do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Volker Türk, que começou o seu mandato hoje, pediu que civis não sejam tomados como alvos.

Os ataques acontecem uma semana depois de outra onda de bombardeios da Rússia, que durou dois dias e afetou localidades em toda a Ucrânia, provocando cortes de eletricidade e água em todo o país.

Os bombardeios deixaram ao menos 19 mortos e 105 feridos, e provocaram indignação a nível internacional.

"Parece que agora nos atacam todas as segundas-feiras", disse o taxista Serhiy Prikhodko, enquanto esperava do lado de fora da estação central de trens de Kiev.

Segundo Vladimir Putin, os bombardeios da semana passada foram uma represália à explosão que danificou a ponte estratégica sobre o estreito de Kerch e liga a Rússia continental com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Sanções contra o Irã
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pediu que mais sanções fossem impostas contra o Irã "por fornecer drones à Rússia" em uma publicação no Twitter.

O Irã, em contrapartida, nega o fornecimento de armas a Moscou e voltou, nesta segunda-feira, a insistir em que "não exportou armas a nenhuma das partes no conflito", segundo Nasser Kanani, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da república islâmica.

Depois dos ataques, o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriy Yermak, indicou que o país necessitava de "mais sistemas de defesa antiaérea com urgência".

"Os russos pensam que isso vai ajudá-los, mas apenas revela o seu desespero", escreveu.

Além disso, Yermak deu boas-vindas ao aumento da ajuda militar da União Europeia (UE) para a Ucrânia e ao lançamento de uma missão de treinamento para os soldados de seu país.

Em uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE em Luxemburgo, o bloco europeu aprovou uma missão de treinamento em seu território para 15.000 soldados ucranianos e o aporte de mais 500 milhões de euros em armas para Kiev.

A Ucrânia lançou nas últimas semanas uma contraofensiva que lhe permitiu recuperar grandes faixas de território no leste e no sul do país.

As tropas de Kiev se aproximam agora de Kherson, a única grande cidade ucraniana tomada pelos russos ao norte da Crimeia. A província (oblast) de Kherson é um dos quatro territórios ucranianos que Moscou reivindica como anexados.

Por outro lado, em Belarus, país aliado de Moscou, o Ministério da Defesa anunciou que até 9.000 soldados russos e cerca de 170 tanques seriam enviados a seu território para defender o país do que o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, considera possíveis ameaças da Ucrânia.