Parler

A rede social de extrema-direita que está na mira de Kanye West

Parler é a rede social de extrema-direita popular entre pessoas ligadas ao ex-presidente americano Donald Trump

Kayne West - JEAN-BAPTISTE LACROIX/AFP

A rede social Parler, popular entre a extrema direita americana e pessoas ligadas ao ex-presidente americano Donald Trump, está no carrinho de compras do rapper Kanye West.

Removida temporariamente das lojas de aplicativos da Apple e do Google no ano passado por não moderar os chamados à violência após o ataque de apoiadores de Trump ao Congresso americano, a Parler está novamente disponível, embora longe de competir com gigantes como Facebook e Twitter.

'Simbolo de status'
A Parler foi lançada em 2018 por John Matze, engenheiro de computação, e Rebekah Mercer, doadora importante do Partido Republicano. Pouco conhecida até 2021, a plataforma chamou a atenção depois que Trump foi expulso do Twitter após incentivar ali seus apoiadores antes do ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

A intenção de compra de Ye ocorre no momento em que o rapper enfrenta acusações de racismo e antissemitismo, que levaram à restrição de suas contas no Twitter e Instagram.

"Ao adquirir a Parler, Kanye pode garantir que poderá dizer o que quiser", destacaram Joshua Tucker, codiretor do Centro de Mídias Sociais e Política da Universidade de Nova York (CSMaP), e Megan Brown, engenheira do CSMaP. Os dois explicaram que possuir uma rede social pode se tornar "um símbolo de status social" para os multimilionários.

Muito longe do Facebook
A Parler foi baixada 8,5 milhões de vezes desde o seu lançamento, incluindo 6,2 milhões de vezes nos Estados Unidos, segundo a empresa especializada data.ai. Em setembro, a rede somou 58.000 downloads em todo o mundo nas lojas da Apple e do Google, muito longe dos 72 milhões do Facebook no mesmo mês.

A Parler não respondeu às consultas da AFP sobre seu número de usuários e situação financeira. Trump não possui uma conta oficial na rede, e West, que acabou de abrir uma, já tem 1.800 seguidores, contra 31 milhões no Twitter e 18,2 milhões no Instagram.

Proibido e depois permitida
A Parler foi removida das lojas de aplicativos da Apple e do Google devido a preocupações com a desinformação e à retórica com potencial de causar danos após o ataque ao Capitólio. Os serviços web da Amazon (AWS) também desabilitaram o acesso à plataforma.

A Parler foi aceita novalmente na App Store em abril de 2021 e na Google Play Store em setembro de 2021, aparentemente depois de alinhar seus sistemas de moderação de conteúdo às políticas das empresas de tecnologia rivais. 

"Parece que houve uma mudança nos parâmetros de Parler mais do que nos da Google ou da Apple", observaram Tucker e Megan.

Audiência limitada
A Parler é uma das muitas redes sociais dirigidas aos ultraconservadores que se opõem à noção de plataformas que filtram publicações perigosamente incendiárias ou enganosas. Entre seus concorrentes estão Gettr, Gab, Rumble e Truth Social.

A audiência dessas redes sociais, no entanto, continua sendo limitada. Segundo um estudo recente do Pew Research Center, apenas 6% dos americanos se informam de forma regular por meio de um desses aplicativos, chamados de alternativos.