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Auxílio Brasil: consignado já tem duas mil queixas de irregularidades, como venda casada

Em menos de uma semana do programa, relatos de infrações se multiplicam no crédito com benefício social

Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Em uma semana, a Caixa Econômica Federal liberou R$ 1,8 bilhão em empréstimos consignados a 700 mil beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), informou o banco. A medida é vista como um dos trunfos eleitorais de Jair Bolsonaro (PL).

Mas entidades de defesa do consumidor relatam uma série de reclamações e denúncias: segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), foram ao menos duas mil queixas, que vão de venda casada com seguro a ligações ao consumidor para ofertar o consignado — o que foi vedado nas normas do crédito.

O valor médio por operação ficou em torno de R$ 2.600, afirmou a presidente da Caixa, Daniella Marques. O empréstimo do Auxílio Brasil tem taxa de juros de 3,45% ao mês, 0,05 ponto percentual abaixo do teto fixado pelo governo, e prazo de até 24 meses.

Por ano, a taxa de juros é de 50,23%. Com as condições da Caixa, um empréstimo pode chegar a R$ 2.582. Com isso, ao longo do contrato, o tomador terá pagado R$ 3.840.

A taxa de juros a beneficiários do Auxílio Brasil é maior do que a do consignado de aposentados e pensionistas do INSS, de até 2,14% ao mês. Quem pega emprestados R$ 2.582 no consignado do INSS paga R$ 3.328,56 ao fim de 24 meses, diferença de R$ 511,44 em relação ao valor da Caixa na linha do Auxílio Brasil.