Polícia investiga se frentista que filmou dentista divulgava vídeos nas redes sociais
Em novo inquérito instaurado, delegada investiga outros eventuais crimes cometidos pelo frentista
A delegada Camila Lourenço, assistente da 14ª DP (Leblon), instaurou um novo inquérito para investigar outros eventuais crimes cometidos pelo frentista que filmou a dentista Laíris Gonçalves de Aguiar dentro do banheiro de um posto de gasolina na Lagoa, na Zona Sul do Rio. No procedimento, será representado pela quebra de sigilo de dados do aparelho de celular utilizado por ele para que uma perícia constate se ele enviou as imagens a outras pessoas e ainda se há fotos ou vídeos de outras mulheres em cenas de nudez, ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização.
"É importante destacar que a conduta apurada revela contumácia por parte do investigado, de modo que não se descarta que ele tenha se valido do mesmo expediente para filmar outras mulheres na mesma situação. Dessa forma, a extração dos dados do aparelho celular viabilizará não apenas a prova da materialidade da conduta que ensejou a instauração da investigação, como também permitirá esclarecer se há outros registros dessa natureza, há quanto tempo o investigado vem agindo e, principalmente, qual a finalidade criminosa com esta conduta, ou seja, se a filmagem se destina à satisfação pessoal ou à divulgação em sites de pornografia e grupos de WhatsApp" explica a delegada.
Na última sexta-feira (14), a dentista voltava da Praia de Ipanema quando parou com o marido e um casal de amigos para abastecer o carro, no estabelecimento na Avenida Borges de Medeiros. Quando utilizava o banheiro, ao olhar para cima, percebeu estar sendo gravada por um celular colocado no vão existente entre o sanitário masculino e o feminino, no alto da parede. Encaminhado para a delegacia, o funcionário confessou o crime previsto no artigo 216-B do Código Penal - produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez, ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes. Ele foi demitido por justa causa.
"Muito embora esse crime seja considerado de menor potencial ofensivo, submetido, portanto, ao rito do Juizado Especial Criminal (Jecrim), será instaurado inquérito policial para apurar a prática criminosa. Isso porque haverá a necessidade de representação pela quebra de sigilo de dados do aparelho celular do frentista. Trata-se de uma prova complexa que não se harmoniza com os princípios de informalidade, rapidez e simplicidade que orientam os ritos dos Juizados Especiais" afirma Camila Lourenço.
Em entrevista ao GLOBO, a Laíris Gonçalves de Aguiar contou estar sendo vítima de ataques nas redes sociais após ter exposto o caso. A dentista conta que divulgou vídeos na internet visando encorajar outras mulheres a denunciar situações semelhantes similares, para evitar novos crimes:
"Eu fiquei bastante nervosa, estou vigiando a todo momento. Ontem, eu demorei a dormir porque estou com medo. Hoje, eu acordei super cedo com o mesmo receio. Neste momento, estou na casa dos meus pais, distante da minha, porque não quero ficar sozinha. É agoniante estar nesse espaço de medo constante. Eu vou acompanhar o processo porque eu quero que isso não passe impune."
Em nota, a Vibra Energia, empresa que detém a licença da marca Posto BR, esclareceu que o frentista foi desligado do estabelecimento e afirma, ainda, que "repudia qualquer tipo de violação de privacidade, assédio moral ou sexual".