Operação contra pirâmide financeira apreendeu 268 kg de pedras verdes 'tipo esmeralda'
Lancha, jet ski, 16 carros de luxo, joias e gado estão entre bens encontrados pela Polícia Federal Trust Investing é acusada de ter dado golpe a 1,3 milhão de investidores em 80 países
A Polícia Federal (PF) apreendeu 268 kg de pedras verdes "que se assemelham a esmeraldas" durante operação realizada nesta quarta-feira contra uma grupo suspeito de pirâmide financeira, que já afetou 1,3 milhão de investidores em mais de 80 países e causou prejuízos de R$ 4,1 bilhões. A corporação também recolheu criptoativos, joias, relógios, gado, 16 veículos de luxo, uma lancha e um jet ski pertencentes aos fundadores da Trust Investing.
O balanço foi divulgado na manhã desta quinta-feira. Em dinheiro vivo, os agentes apreenderam R$ 21 mil, US$ 9.250 e 1.280 euros. Entre os carros havia modelos de luxo como Volvo XC90 T8 Inscript, duas Toyotas Hiluzx, um BMW 325i, um BMW X6, um Audi A5, uma caminhonete VW/Amarok, um Porsche Cayenne, um Porsche Boxter, um Range Rover, uma Mercedes Benz GLC250 e um GM/Opala, ano 1972.
De acordo com a PF, as pedras verdes ainda serão submetidas a perícia e avaliação. Os agentes também apreenderam 35 celulares, 15 computadores, equipamentos eletrônicos e documentos.
A operação ocorreu para cumprimento de seis mandados de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Líderes da organização serão investigados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Maranhão.
De acordo com a investigação, os empresários Diego Chaves, Fabiano Lorite e Cláudio Barbosa, fundadores da corretora Trust Investing, além do pai de Diego, Diorge Chaves, e do empresário carioca Patrick Abrahão, marido da cantora Perlla e espécie de embaixador da empresa, lesaram investidores com um esquema que funcionava a partir da captação de interessados em países como Brasil, Cuba, Espanha e Estônia.
O judiciário também determinou o bloqueio de US$ 20 milhões e sequestros de dinheiro e bens dos investigados. O grupo é suspeito de praticar crimes contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, usurpação de bens públicos, crime ambiental e estelionato, segundo a PF.
Presos em flagrante
A ação, nomeada de "La Casa de Papel" por conta da dupla nacionalidade espanhola de alguns dos integrantes, foi realizada em parceria com a Receita Federal e a Agência Nacional de Mineração (ANP).
De acordo com os investigadores, o grupo atuava desde 2019. O inquérito policial, no entanto, começou em agosto de 2021, quando duas pessoas foram presas em flagrante na fronteira do Brasil com o Paraguai, em Dourados (MS), com esmeraldas avaliadas em US$ 100 mil.
As pedras preciosas estavam ocultas e não tinham origem legal, pois estavam amparadas em nota fiscal cancelada.
Promessa de ganhos de 20% por mês
A investigação sobre os envolvidos com as esmeraldas revelou um esquema de pirâmide financeira. A organização criminosa usava as redes sociais, promovia reuniões e tinha apoio de uma igreja pertencente a um dos investigados para levantar recursos e captar clientes.
As vítimas eram atraídas por promessas de ganhos diários em percentuais acima do praticado no mercado, que poderiam chegar a até 20% ao mês e mais de 300% ao ano. Os lucros seriam obtidos por meio dos supostos “traders” a serviço da empresa.
Os clientes também eram chamados a atrair novos investidores, em mecanismo que chamavam de “binário”. Na medida em que uma nova pessoa colocava seu dinheiro nas empresas, o responsável por atrair essa vítima obtinha ganhos adicionais. A prática caracteriza o esquema de pirâmide.
Os investigados alegavam que eram sócios de duas instituições financeiras e operavam no Brasil e na Estônia, de forma legal. Mas as empresas não existiam de fato. O grupo também não tinha autorização para a captação e gestão de recursos levantados nesses dois países.