Júri de Nova York rejeita acusações de agressão sexual contra Kevin Spacey

Protagonista de 'House of Cards' era acusado de agressão sexual ocorrida há 36 anos, quando a vítima tinha 14 anos

Um júri rejeitou nesta quinta-feira (20) a ação civil do ator Anthony Rapp contra Kevin Spacey, protagonista da série House of Cards, que o acusava de uma agressão sexual ocorrida há 36 anos, quando ele tinha 14 anos, pela qual pedia uma indenização de US$ 40 milhões.

O júri "declarou o acusado não responsável", anunciou o tribunal federal do distrito sul de Manhattan.

A bancada, composta por seis mulheres e seis homens, teve que responder a um questionário com oito perguntas apresentado pelo juiz instrutor do caso, Lewis Kaplan, ao final de quase duas semanas de julgamento.

Uma resposta negativa à primeira pergunta - se eles consideraram que o Rapp tinha "evidência comprovada" de que Spacey, ganhador de dois Oscars, tinha tocado "uma parte sexual ou íntima de seu corpo" há 36 anos, quando era menor de idade -, tornou desnecessária a resposta das questões restantes.

O questionário incluía também uma estimativa econômica dos danos sofridos pelo suposto aquele ato.

Rapp, de 50 anos, afirmou na denúncia que apresentou à justiça de Nova York, em setembro de 2020, que Spacey, na época com 26 anos, o convidou para uma festa em seu estúdio em Manhattan e tentou o agredir sexualmente após todos irem embora.

As respectivas equipes de advogados se empenharam para provar, ou negar, que esse suposto ato realmente aconteceu e deixou consequências psicológicas em Rapp, protagonista de "Star Trek: Discovery".

A acusação inicial de "agressão sexual" não foi mantida pelo juiz. Em junho, o presidente do tribunal considerou que essa classificação não poderia abranger fatos já prescritos, além de não se enquadrar em uma lei estadual de proteção aos menores de idade de 2019. 

 'Nunca ocorreu'
No que poderia se assemelhar a um roteiro de House of Cards, as respectivas equipes de advogados se esforçaram para provar ou desmentir que a festa e a tentativa de abuso ocorreram.

A advogada de Spacey, Jennifer Keller, declarou que seu cliente "é grato por viver em um país onde os cidadãos têm direito a um julgamento por jurados imparciais, que tomam sua decisão com base nas provas, e não em rumores ou redes sociais".

O advogado de Rapp Richard Steigman, que tentou colocar em dúvida a memória de Spacey, que, na época dos fatos, consumia drogas e bebia muito, declarou: "Você repete essa história há 35 anos!" Já a equipe de defesa fez Rapp cair em várias contradições.

O psiquiatra forense Alexander Bardey, apresentado pela defesa, afirmou que Rapp não sofre de estresse pós-traumático, como alega, e sim apresenta traços de narcisismo. Já a psicóloga do demandante, Lisa Rocchio, declarou que Rapp, também homossexual, tinha dificuldade em seus relacionamentos amorosos, sexualidade, raiva e depressão.