Eleições 2022

Cores e gestos com as mãos: símbolos de uma acirrada campanha presidencial

Vermelho com os apoiadores do ex-presidente Lula e verde e amarelo dos bolsonaristas

Apoiadores de Lula - AFP

Uma guerra de cores, uma pistola ou um "L" feitos com a mão e carros adesivados: a campanha presidencial, que chega ao fim com o segundo turno, em 30 de outubro, entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem sido marcada por imagens memoráveis.

Vermelho
Ao longo de meses, as manifestações dos apoiadores do ex-presidente Lula (2003-2010) tiveram uma cor dominante: o vermelho do Partido dos Trabalhadores, que o ex-metalúrgico fundou em 1980.

Camisetas, bandeiras, bandanas, bonés e toalhas na praia de Copacabana: a maré "vermelha" identificou, juntamente com a estrela do PT - vermelha ou branca - os simpatizantes do líder da esquerda.

Algumas estampas mostravam um Lula mais jovem e cabeludo, enquanto o ex-presidente chegará ao segundo turno com 77 anos recém-completados, após vencer o primeiro turno em 2 de outubro.

E em muitos apoiadores, as roupas ficaram cobertas com adesivos com a foto de Lula e o "13", número do candidato do PT favorito a vencer Bolsonaro, com o número "22".

"A bandeira de vocês sempre foi a vermelha, com uma foice e um martelo", ironizou recentemente Bolsonaro, que repete que um terceiro governo Lula instalaria o comunismo no Brasil.

Verde e amarelo
Os bolsonaristas sequestraram o verde e amarelo da bandeira do Brasil.

As cores nacionais foram inicialmente apropriadas por manifestantes críticos à presidente Dilma Rousseff (PT), afilhada política de Lula, nos meses prévios ao seu impeachment, em 2016.

Mas desde 2018, se tornaram sinônimo do bolsonarismo.

Para reforçar a mensagem, em algumas bandeiras o rosto de Bolsonaro substituiu o céu estrelado. E no lugar de "Ordem e Progresso", aparece o "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", um lema repetido pelo presidente.

"Hoje, o povo identifica a bandeira comigo, com nossos candidatos pelo Brasil, com as pessoas de bem", vangloriou-se o presidente, de 67 anos, em setembro.

Lula pediu a seus apoiadores que reivindiquem a bandeira e a levou em alguns atos: "O verde e amarelo é de todos nós".

Um "L" ou uma pistola com os dedos
O gesto habitual de Bolsonaro, com o polegar e o indicador simulando uma pistola, gerou controvérsia em 2018, mas desde então, é imitado pelos apoiadores do presidente que mais que quintuplicou os registros de armas de fogo nas mãos de civis.

Em reação, a campanha de Lula convidou os eleitores a girar a mão e fazer um "L"... de Lula, gesto de sua primeira campanha, em 1989, reeditado, e este ano viralizou nas redes sociais.

Até mesmo antes do primeiro turno, celebridades da TV e da música, como Caetano Veloso e Milton Nascimento, apareceram reproduzindo o gesto, enquanto entoavam o refrão "vira voto" em vídeos postados nas redes sociais.

Carros em campanha
Em Brasília, cidade dominada pelos carros, mas também em outras regiões do país, os eleitores expressaram suas preferências nos carros, enfeitando-os com adesivos enormes com os rostos e os símbolos dos dois protagonistas nas eleições.

Outros exploraram ainda mais sua criatividade.

Em um fusca azul, um adesivo cobre as duas janelas do motorista: na frente, um Bolsonaro alegre aparece ao volante, enquanto atrás aparece uma imagem de Lula com roupa de presidiário, atrás das grades de uma cela, uma alusão às acusações de corrupção contra o ex-presidente.

"A linguagem da internet transcende para o mundo offline", diz à AFP Alana Fontenelle, analista político da Universidade de Brasília, sobre os conteúdos provocativos e sensacionalistas que inundam as redes sociais.

Isso abre espaço para "fazer coisas engraçadas" e "sair dessa rigidez" das campanhas tradicionais, acrescenta