Espionagem

EUA acusam a China de tentar 'minar' o sistema judicial americano

País acusou 13 cidadãos chineses de supostamente trabalh para agências de espionagem de Pequim

Merrick Garland, procurador-geral dos Estados Unidos - AFP

O secretário de Justiça dos Estados Unidos acusou a China nesta segunda-feira (24) de interferir no sistema judicial americano, ao anunciar acusações contra 13 cidadãos chineses que supostamente trabalham para agências de espionagem de Pequim.

Merrick Garland, que também atua como procurador-geral, detalhou três casos em separado nos quais agentes de inteligência chineses assediaram dissidentes nos Estados Unidos, tentaram interferir na acusação de um gigante chinês das telecomunicações e pressionaram acadêmicos americanos a trabalharem para eles.

O casos mostraram que "o governo da China tentou interferir nos direitos e liberdades dos indivíduos nos Estados Unidos e minar nosso sistema judicial que protege esses direitos", disse Garland.

"O Departamento de Justiça não tolerará as tentativas de nenhuma potência estrangeira de minar o Estado de direito no qual se baseia nossa democracia", disse em coletiva de imprensa o principal responsável pela fiscalização do cumprimento da lei americana. 

As declarações de Garland foram divulgadas um dia após o presidente chinês Xi Jinping obter um histórico terceiro mandato.

Autoridades de Washington atribuíram a Xi um esforço crescente da China durante a última década para roubar propriedade intelectual americana e tomar medidas contra os dissidentes políticos chineses residentes nos Estados Unidos.

Um dos casos, relacionado ao assédio e pressão contra dissidentes, foi revelado na semana passada. Sete cidadãos chineses supostamente tentaram obrigar um residente americano a retornar à China. Duas pessoas foram presas, mas outras cinco, supostamente funcionárias de agências de inteligência chinesas, seguem foragidas, provavelmente na China.

No segundo caso, dois supostos agentes de inteligência chineses foram acusados de tentar obstruir uma ação americana contra uma empresa de telecomunicações chinesa. O documento de acusação não especifica o nome da companhia envolvida, mas os detalhes mencionados sugerem que se refira à Huawei. Em 2019, a Huawei foi acusada de uma campanha sistemática de roubo de tecnologia americana.

O terceiro caso envolve membros da inteligência chinesa que se fizeram passar por acadêmicos para recrutar agentes nos Estados Unidos. 

"Nos três casos e, francamente, em milhares de outros, encontramos o governo chinês ameaçando as normas democráticas estabelecidas e o Estado de direito enquanto tentavam minar a segurança econômica dos Estados Unidos e os direitos humanos fundamentais", disse o diretor do FBI, Christopher Wray.