Economia

Mercado aposta em manutenção da Selic a 13,75% pelo Copom

Comitê de Política Monetária inicia nesta terça (25) sua penúltima reunião do ano

Marcello Casal jr/Agência Brasil/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BCB) vai manter a Selic, sua taxa básica de juros, inalterada em 13,75% na quarta-feira (26), segundo uma previsão unânime do mercado a poucos dias do segundo turno da eleição presidencial.

O Copom do BC inicia nesta terça (25) sua penúltima reunião do ano, em contagem regressiva para a definição, no domingo, da disputa presidencial entre o atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A autoridade monetária deve decidir se mantém a Selic no nível atual, o mais alto desde janeiro de 2017.

Mais de uma centena de consultorias e instituições financeiras consultadas pelo jornal Valor Econômico concordaram em que o Copom vai manter a Selic em 13,75%.

Em setembro, o BCB freou um ciclo de 12 altas consecutivas, iniciado em março de 2021 para combater a inflação elevada.

O último aumento da Selic ocorreu no começo de agosto, encerrando a escalada iniciada em um piso histórico de 2% durante o período mais crítico da pandemia, e se estendeu mais do que o previsto devido ao aumento dos preços globais dos alimentos e do petróleo, impulsionados pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

Apesar de não alterar a taxa, o Copom alertou no mês passado que se manteria "vigilante" e voltaria a "retomar o ciclo de ajuste" se a inflação não diminuísse como esperava.

O Brasil sofreu um longo período de inflação muito elevada, acumulando até 12,13% em doze meses até abril passado. Mas as altas foram interrompidas nos últimos meses, devido a medidas governamentais como cortes de impostos sobre a gasolina.

O índice de preços ao consumidor (IPC) recuou 0,29% em setembro, acumulando 7,17% em 12 meses, antes do primeiro turno das eleições presidenciais, em 2 de outubro. O índice também teria sido negativo em julho (-0,68%) e agosto (-0,36%).

A moderação deste flagelo que afeta os brasileiros, especialmente os mais vulneráveis, foi uma boa notícia para Bolsonaro, que disputa a reeleição contra Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto, com 49% a 45% para o atual mandatário.

Postura "atenta" 
Daqui para frente, o mercado espera que a inflação continue sob controle e encerre o ano em um nível de 5,60%, longe dos quase 10% esperados no início do ano, segundo o boletim Focus do BCB, divulgado esta semana.

Estes sinais e a comunicação do BCB são coerentes com "a sinalização da manutenção da taxa Selic em 13,75% por algum tempo, seguida de um início de ciclo de corte de juros", segundo um relatório do banco digital C6.

"Os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", diz a nota.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, concorda em que a Selic continuará "nos níveis atuais" e sustenta que as autoridades vão reforçar a ideia de uma "postura atenta e conservadora da política monetária".

Segundo ele, "neste momento, a trajetória de desinflação é ainda muito frágil".

Os analistas têm alertado para o impacto de alto nível da taxa de juros no crescimento econômico, projetado em 2,76% para este ano, superando as previsões iniciais de estagnação, segundo o boletim Focus.

O Brasil interrompeu seu ajuste monetário em um momento em que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) e outras autoridades no mundo vão no caminho contrário para lidar com a inflação.