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Com carta assinada por mais de cem sócios, grupo de oposição pede renúncia de presidente do Náutico

"Falamos que, em um ato de grandeza e amor pelo clube, Diógenes Braga deveria deixar o cargo", citou Plínio Albuquerque, um dos líderes do movimento

Grupo de oposição pede renúncia de Diógenes Braga - Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro, contratações equivocadas de atletas, constantes mudanças de treinadores, descaso com o Centro de Treinamento Wilson Campos e com as divisões de base, descumprimento de artigos do Estatuto, além da alegação de falta de transparência na prestação de contas. Citando esses pontos, um grupo de oposição reuniu a assinatura de centenas de sócios e, nesta quarta (26), promoveu uma coletiva de imprensa, na Livraria Jaqueira, no Bairro do Recife, para solicitar a saída do presidente do Náutico, Diógenes Braga.

Inicialmente, os membros citam que a ideia não é um impeachment do mandatário, mas sim “convencê-lo” da ideia de deixar o cargo - embora alguns integrantes não descartem a possibilidade futura em caso de negativa do dirigente.

O movimento tem as presenças de antigos dirigentes do Náutico, como Thiago Dias e Aluísio Xavier, como também dos dois candidatos derrotados por Diógenes nas eleições presidenciais passadas, casos de Plínio Albuquerque e Bruno Becker.

“A liderança de Diógenes é solitária. Isso traz danos. Nenhum torcedor, nem o mais apaixonado, tem a capacidade de gerir um clube com a grandeza do Náutico sozinho. Isso é sinônimo de falência. Procuramos o presidente,  através de um mediador, antes do jogo contra o CSA, e dissemos que o clube ia descer para Série C. Que era preciso tomar uma providência enérgica, em caráter de urgência. Ele foi claro, dizendo que ‘tudo estava sob controle’. Disse que não cairia e que estava bem administrativamente”, frisou Plínio.



“Eu perguntei se pagar em dia era estar bem administrativamente. O que falar do CT? O que falar da saída dos últimos treinadores, que botaram o clube na justiça? Da reclamação dos torcedores, como a falta de higiene dos banheiros? As diversas contratações erradas? Sou prova de que muitos alvirrubros tentaram ajudar, mas não conseguiram. Eu disse que ele não era dono do Náutico. O clube tem uma torcida apaixonada. Ele foi colocado democraticamente pelos sócios, mas é como se fosse um ‘CEO’, com contrato de dois anos. Com uma péssima gestão no primeiro ano, com prejuízo na casa dos R$ 50 milhões”, continuou.

“Ninguém contesta o amor do presidente do clube. Falamos que, em um ato de grandeza, deveria renunciar ao cargo. É notório que o resultado da gestão não é satisfatório. Aqui não é partido político, mas sim um grupo preocupado. Não há espaço para falar de candidatura ou do planejamento para 2023. O Náutico é maior do que todos nós. Em nome disso, pedimos a renúncia dele. Não é impeachment. Pedimos que ele entenda que tentou, se esforçou, colocou as habilidades que ele tinha diante do clube que ama, mas não deu certo”, completou. 

Becker cita impeachment

Mesmo com o discurso de que a ideia não é um pedido de impeachment, Bruno Becker, ex-vice-presidente jurídico do Náutico, deixou claro que o tema poderia entrar em pauta no futuro. “O movimento é para demonstrar a Diógenes que a presença dele está sendo nefasta ao clube. Tudo passa pela saída dele. Não podemos descartar o processo de impeachment. Não é o que desejamos, mas se continuar com os desmandos de descumprimento de estatuto, é dever do conselheiro questionar. Isso faz parte de qualquer movimento democrático. Mas é a melhor saída para o clube? Não, porque é um processo desgastante”, apontou.

Procurado pela reportagem, o presidente do Náutico, Diógenes Braga, informou apenas que "tudo que tinha para ser dito, foi dito na coletiva", se referindo ao pronunciamento que fez no início da semana passada, em que negou a intenção de deixar o cargo.