Investimento

Porto de Suape estabelece investimentos de R$ 37 bilhões que vão gerar mais de 10 mil empregos

O presidente de Suape, Roberto Gusmão, se despede do cargo no dia 5 de novembro, depois de tirar projetos importantes do papel

Roberto Gusmão se despede da presidência do Porto de Suape - Divulgação

Após quase dois anos na presidência do Complexo Industrial Portuário de Suape, o empresário e engenheiro agrônomo Roberto Gusmão anuncia que vai seguir para a iniciativa privada. Oficialmente, Gusmão fica no cargo até 5 de novembro, quando passará a presidência para o atual diretor de gestão portuária de Suape, Francisco Martins.

Roberto Gusmão encerra seu ciclo em Suape depois de dar encaminhamento a grandes investimentos e ‘tirar do papel’ projetos que garantem desenvolvimento econômico e social para Pernambuco, com geração de emprego e renda.

Nos últimos cinco anos, foram estabelecidos investimentos da ordem de R$ 37 bilhões, que vão gerar 10 mil novos empregos. Suape já abriga mais de 40 mil empregos na suas operações atuais. “A nível de concentrador de carga, isso coloca Suape como o principal porto do Nordeste. Suape era um porto importante que não conseguia se apresentar tão bem. Hoje ele é conhecido pelos seus projetos e inovação tecnológica”, ressaltou Roberto Gusmão.

A movimentação de carga prevista em 2022 do ancoradouro é de 24,3 milhões de toneladas, o que representa 10% a mais em relação ao ano passado (22,1 milhões de toneladas). Suape está investindo em projetos de negócios econômicos, sustentabilidade, sociais e de melhoria na gestão.

Entre os que estão sendo destravados, estão a retomada da autonomia de Suape, a indústria de medicamentos Blau Farmacêutica, a ferrovia Sertaneja, o novo terminal de gás natural e a planta de hidrogênio verde, como revela Gusmão, em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco.

Ferrovia Sertaneja
Uma das grandes construções será a da ferrovia Sertaneja para escoar a produção de minério de ferro. O grupo Bemisa Brasil foi autorizado pelo Governo Federal a implantar e explorar a ferrovia, nos 717 quilômetros entre Curral Novo (PI) e a Ilha de Cocaia, no porto pernambucano. É na Ilha de Cocaia onde será instalado o Terminal de Granéis Sólidos Minerais no Porto de Suape (TGSMS). Para a construção do terminal, será investido R$ 1,5 bilhão, com a estimativa de movimentar anualmente 13,5 milhões de toneladas de minério de ferro.

“Com a autorização ferroviária, viabilizamos o player, que é a Bemisa, para que ele pudesse escoar por Suape. Agora temos um projeto consolidado, com um grupo financeiramente muito mais estável, e principalmente com a carga consolidada que é de minério de ferro. Conseguimos resolver esse imbróglio para Pernambuco”, registrou Gusmão.

Ilha de Cocaia, na área de Suape. Foto: Divulgação

Retomada da autonomia
No início deste mês, o Ministério da Infraestrutura autorizou a retomada da autonomia de Suape. Com a mudança, a operação de cais e píeres, além de contratos de arrendamentos e estabelecimento de tarifas, volta para a gestão da Autoridade Portuária. Assim, as autorizações de diversos processos são feitas mais rapidamente, com a redução da burocracia através do Governo Federal.

Operação portuária
O maior operador portuário e armador do mundo vai chegar à Suape. O grupo Maersk vai instalar um Terminal de Uso Privado (TUP) no porto pernambucano. Com o início das obras para 2023 e operação prevista para começar em 2026, o novo terminal de contêineres representa um investimento de R$ 2,6 bilhões. Esse player vai chegar para gerar competitividade e trazer novas rotas de longo curso, de Suape até portos da Ásia e Europa, por exemplo.

Para competir com a Maersk, o Tecon 1, terminal de contêineres instalado em Suape, deve passar por um reequilíbrio de contrato, que permita gerir a carga com custo mais em conta. Isso porque existe um erro de origem no contrato do Tecon 1, há 20 anos, que, por causa disso, ele precisa operar com custos mais altos, tornando-se o terminal mais caro do Brasil. Esse contrato está em análise na Secretaria Nacional de Portos para definir o reequilíbrio para o Tecon 1 e ele poder competir com a Maersk. 

Blau Farmacêutica
Indústria de medicamentos de alta complexidade, a Blau Farmacêutica vai implantar uma nova unidade na Zona Industrial de Suape. O investimento previsto para a instalação é de R$ 1 bilhão, com previsão de gerar 1.400 empregos diretos, além dos indiretos e de novas cadeias de fornecedores. No momento, estão sendo montados os licenciamentos para a construção da fábrica. A previsão do Governo do Estado é que a unidade esteja em plena operação em 2032.

Terminal de gás natural
Suape concluiu concorrência para o novo terminal de GNL de Pernambuco. O porto homologou a proposta da Shell Oncorp, que prevê o pagamento de R$ 131 mil por mês, ao longo de 48 meses, para exploração do Cais de Múltiplos Usos (CMU), onde deverá ser instalado o Terminal de Regaseificação (Regás). No momento, o contrato está na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para análise. A implantação do terminal, prevista para 2023, deve gerar investimentos da ordem de R$ 2 bilhões.

Obra de dragagem
A continuidade da obra do canal externo em Suape, que permite receber navios maiores, era um imbróglio desde 2014 e deve ser resolvida. O canal externo era para ter 20 metros de profundidade, mas a conclusão da obra estava suspensa devido à uma pendência judicial entre a empresa de dragagem e também aos Países Baixos.
 
“Estamos terminando essa negociação no final do mês, com a execução dessa empresa de dragagem. Isso vai trazer atração de investimentos, pegando navios com calados muito mais pesados para termos mais movimentação em Suape”, explicou Gusmão.

Hidrogênio Verde
Uma planta para produção de hidrogênio verde está prevista para Suape, com exploração da empresa Qair. O investimento total estimado é de aproximadamente R$ 22,5 bilhões, com 1 GW (gigawatt) de capacidade de eletrólise e área de 72,5963 hectares. No momento, está marcada uma audiência, no dia 8 de novembro, para recolocação da área em Suape onde será instalada a planta.