Promotoria retira acusações contra Neymar no caso de sua transferência para o Barcelona
O órgão espanhol havia pedido dois anos de prisão e uma multa de 10 milhões de euros contra o craque brasileiro
Em uma nova reviravolta na extensa saga jurídica, a Promotoria espanhola retirou, nesta sexta-feira (28), todas as acusações de corrupção e fraude contra Neymar e os demais réus no julgamento realizado em Barcelona sobre supostas irregularidades cometidas em sua transferência para o Barça em 2013.
O Ministério Público decidiu pela "retirada das acusações contra todos os réus e por todos os fatos", pelos quais foram processados, anunciou o promotor, ao apresentar suas conclusões sobre este julgamento onde, inicialmente, foram solicitados dois anos de prisão e uma multa de dez milhões de euros para o agora jogador do Paris Saint Germain (PSG).
A mudança de opinião ocorre na reta final de um extenso processo que começou há sete anos, quando o DIS, fundo que detinha parte dos direitos do jogador quando ele ainda era atacante do Santos, alegou ter-se sentido enganado durante a polêmica operação.
Mas suas alegações não se sustentaram durante as audiências, segundo o promotor, que considerou que se baseavam em "pressupostos", e não em provas, "nem mesmo circunstanciais".
"Acho que o DIS tem todo direito de entender que a transferência de Neymar tinha que lhe trazer um benefício maior, mas acho que errou na jurisdição", expôs García, acrescentando que seria mais um caso civil do que penal.
Além de Neymar e de seus pais, dois ex-presidentes do Barça - Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu - e um ex-dirigente do Santos, Odilio Rodrigues Filho, são julgados neste processo que deve terminar na segunda-feira (31).
Durante o processo, que começou um mês antes da Copa do Mundo no Catar, Neymar teve de ir a Barcelona, onde declarou que apenas assinava os documentos apresentados por seu pai e que este não fez nada de ilegal.
No tribunal, o jogador assegurou que não lembrava se tinha participado das negociações com o Barça em 2011, um dos pontos centrais deste caso que busca determinar se o DIS foi prejudicado durante a operação.
Seu sonho, como ele disse, sempre foi jogar pelo Barça e, por isso, priorizou a oferta do clube em detrimento de outros, como o Real Madrid.
"Neymar nunca participa das negociações", confirmou seu pai, que revelou que o clube lhes enviava propostas desde 2009.
Durante o julgamento oral - que também incluiu o depoimento de pesos pesados do mercado, como o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez -, todos os réus defenderam suas ações.
"Parece-me brutal pensar que tem gente que possa pensar que nós, presidentes, nos dedicamos a fazer contratos", disse Sandro Rosell, à frente do clube durante a polêmica negociação, ante o tribunal.
Dança dos números
Apesar de o Barcelona ter estimado a contratação de Neymar, inicialmente, em 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família, e 17,1, para o Santos), a Justiça espanhola estimou que chegou a pelo menos 83 milhões.
Para o DIS - fundo de investimento esportivo do grupo Sonda -, Barça, Neymar e depois o Santos uniram forças para esconder o valor real da operação por meio de outros contratos, dos quais ficaram de fora.
A empresa, que adquiriu 40% dos direitos econômicos do jogador de futebol em 2009, recebeu 6,8 milhões de euros dos 17,1 pagos oficialmente ao clube brasileiro.
Sentindo-se duplamente prejudicado, tanto por não ter recebido sua parte da transferência real quanto pelo contrato de exclusividade assinado por Neymar e Barça - que impedia outros clubes de disputarem o atacante -, o DIS solicitou a restituição dos 35 milhões de euros que estima ter perdido.
Este processo, conhecido como "Neymar 2", é o capítulo mais recente da extensa saga judicial derivada da transferência do atacante para o Barcelona em 2013. O caso incluiu uma multa de 5,5 milhões de euros por irregularidades fiscais para o clube catalão, além de várias cruzadas judiciais após a saída abrupta do jogador para o PSG, em 2017.
Por fim, a entidade e o jogador chegaram a um acordo "de forma amigável", no ano passado, para encerrar todos os processos judiciais pendentes.