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Musk assume presidência do Twitter e vai rever "banimento eterno" como o aplicado a Trump

Bilionário quer rever regra de expulsão de usuários por falhas graves, Trump foi expulso por "risco de incitação à violência"

Elon Musk - Olivier DOULIERY / AFP

O bilionário Elon Musk, dono da Tesla e da Space X, não perdeu tempo. No dia seguinte à compra do Twitter por US$ 44 bilhões, ele se nomeou CEO da empresa, assumindo efetivamente o comando da gigante de mídia social. Além disso, segundo fontes, Musk pretende rever a política de "banimento eterno" aplicada pelo Twitter a quem comete graves infrações à política das redes sociais, como a publicação de ameaças, insultos ou mentiras.

O ex-presidente americano Donald Trump foi um dos expulsos do Twitter após a tentativa de invasão do Capitólio. Mas não está claro se, neste caso, ele poderia voltar à plataforma.

Logo após a compra da rede social, Musk demitiu seu CEO, Parag Agrawal, e vários outros executivos. Espera-se que, mais à frente, ele deixe o dia a dia da empresa e seja substituído na presidência por outra pessoa, disse uma fonte. Representantes do Twitter se recusaram a comentar a troca de comando.

Com a aquisição, Musk assume o controle de uma rede social em dificuldades, após seis meses de disputas públicas e legais. Além de Paraq Agrawal, as demissões incluem Vijaya Gadde, chefe do departamento jurídico, política e confiança do Twitter; o diretor financeiro Ned Segal, que ingressou no na empresa em 2017; e Sean Edgett, que é conselheiro geral da plataforma desde 2012. Edgett foi escoltado para fora do prédio.

Gadde foi quem tomou a decisão de banir o ex-presidente americano Donald Trump definitivamente da plataforma, citando o “risco de mais incitação à violência”. Com a expectativa de que o ex-presidente volte a se candidatar à Casa Branca em 2024, um retorno ao Twitter pode lhe dar a oportunidade de turbinar suas ideias.

A chegada de Musk trará uma interrupção imediata nas operações do Twitter, em parte porque muitas de suas ideias sobre como mudar a empresa estão em desacordo com a forma como ela é administrada há anos. Ele disse que quer garantir “liberdade de expressão” na rede social.

A conclusão da compra encerra uma saga que começou em janeiro com a compra silenciosa pelo bilionário de uma grande participação na empresa, sua crescente exasperação com a forma como o Twitter é administrado e um acordo de aquisição que ele passou meses tentando desfazer.

Imprimindo sua marca na empresa
Nesta semana, Musk havia assegurado a banqueiros de que conseguiria fechar a compra a tempo. Os bancos, que entram com US$ 13 bilhões para financiar a dívida, estão no processo de transferir os recursos.

Entre os novos investidores do Twitter está a chinesa Binance, a maior corretora de criptomoedas do mundo. Em maio, a chinesa informou que investiria cerca de US$ 500 milhões na rede social.

À medida que se aproximava o prazo de 28 de outubro para a conclusão da compra, Musk começou a imprimir sua marca na empresa, postando um vídeo de si mesmo entrando na sede do Twitter carregando uma pia de louça e mudou a descrição de sua conta na rede social para "Chief Twit" - o chefe do Twitter.

Fechamento de capital
Também organizou reuniões entre os engenheiros da Tesla e a liderança de produtos no Twitter para rever os códigos usados pela plataforma. Os funcionários do Twitter não puderam mais fazer alterações no código a partir do meio-dia de quinta-feira, como parte de um esforço para garantir que nada no produto mudasse antes do fechamento do negócio.

Nesta sexta-feira (28), Musk encaminhou à SEC (órgão regulador do mercado de capitais) um pedido de deslistagem do Twitter, o que deve ocorrer em 8 de novembro. Hoje, as ações foram suspensas, devido ao fechamento do negócio.

Fora da Bolsa, o Twitter não precisará divulgar resultados trimestrais e estará menos sujeito à supervisão dos órgãos de controle.

Medo de mais demissões
Os funcionários do Twitter estão se preparando para demissões desde que a transação foi anunciada em abril. Alguns investidores foram informados de que Musk planejava cortar 75% da força de trabalho da rede social, que hoje soma cerca de 7.500 funcionários, e esperava dobrar a receita em três anos, disse uma fonte no início deste mês.

No entanto, ao visitar a sede do Twitter na quarta-feira, Musk disse aos funcionários que não pretende cortar 75% da equipe.

Os últimos seis meses foram desafiadores para os funcionários do Twitter, que acompanharam os altos e baixos da negociação através das manchetes.

Muitos ficaram descontentes com o envolvimento de Musk e alguns questionaram suas qualificações para administrar uma empresa de rede social. Seu apoio a um candidato político de extrema direita no Texas, além de acusações de assédio sexual de uma ex-comissária da SpaceX em maio, levantaram preocupações adicionais.

Durante um vídeo de perguntas e respostas com Musk em junho, alguns funcionários zombaram de Musk em canais internos do Slack. Outros o ridicularizaram ou o repreenderam publicamente no Twitter durante todo o processo de acordo.