Diário de menina de 11 anos, suspeita de matar a mãe, revela intenção da criança em cometer o crime

O assassinato foi cometido pelo namorado da criança, de 14 anos, que confessou ter esfaqueado a mulher

Uma menina de apenas 11 anos é suspeita de assassinar a própria mãe, em Vila Velha, no Espírito Santo. Durante as investigações do caso, um diário atribuído à criança foi encontrado e, nele, há relatos da intenção da garota de matar os pais. O plano seria para ficar com o namorado, de 14 anos, que foi preso e confessou o crime. 

No trecho, divulgado pela polícia, a garota escreveu: “Eu estou completamente apaixonada por um garoto. A gente vai matar meus pais para ficar juntinhos”. O relato teria sido feito na última quarta-feira (26), um dia antes do crime. 

Segundo o depoimento do jovem à polícia, ele chegou à casa da namorada por volta das 19h e, ao ser recebido no portão, seguiu para o quarto da criança com uma faca, entregue pela garota. A menina, então, teria atraído a vítima para o quarto, quando o adolescente pulou em seu pescoço desferindo os golpes de faca. 

Ainda segundo o depoimento, a mulher, de 38 anos, teria conseguido sair do quarto e se trancar em outro cômodo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O padrasto, também de 38 anos, não estava em casa no momento do crime, mas chegou em casa logo depois e foi atingido pelo rapaz com um taco de beisebol. 

O boletim feito pela Polícia Militar aponta que o homem e o adolescente entraram em luta corporal e que ele conseguiu tirar o bastão das mãos do jovem e fugir. Descendo as escadas ao som dos gritos da enteada que ele havia matado a mãe dela, o homem relata que ficou assustado.

"Fiquei com medo de ser linchado. E eu não podia subir a escada porque os dois estavam lá”, relatou.

Motivação e penalidades
Para a PM, o jovem afirmou que o crime foi motivado por um suposto abuso que a menina teria sofrido quando era criança, em que os familiares não tomaram providências para defendê-la. Outra razão seria que os pais não aprovavam o namoro entre os dois. A menina e o adolescente estavam juntos há cerca de dois meses. 

De acordo com o delegado que acompanhou o caso, a criança não pode ser ouvida em sede de polícia porque não tem idade suficiente para responder criminalmente pelo ato. Na delegacia, apenas uma conversa informal foi feita, e a menina deverá ser ouvida em breve, em um depoimento especial.

Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), menores de 12 anos são considerados crianças e são inimputáveis penalmente, o que significa que não podem sofrer nenhum tipo de penalidade.

Por outro lado, o adolescente vai responder por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado.

Ele confessou o crime e será levado para o Instituto de Atendimento Sócio Educativo do Espírito Santo (Iases). A menina foi encaminhada ao Conselho Tutelar do município e deverá seguir para casa de familiares.