Presidência

Lula enfrentará oposição em 13 estados e no Distrito Federal; confira o novo mapa político do País

Das 27 unidades da Federação, presidente eleito terá apoio de onze governadores e dois ficaram neutros

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito do Brasil - Nelson Almeida/AFP


Quando assumir a presidência da República, em janeiro de 2023, uma das tarefas mais árduas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será lidar com a maioria dos governadores eleitos. O petista terá 14 líderes estaduais, incluindo o do Distrito Federal,  fazendo oposiçao a ele, e onze aliados, quatro deles petistas. Dois governadores que ficaram neutros, ambos do PSDB, que são Raquel Lyra, de Pernambuco; e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul.

Para a cientista política Priscila Lapa, Lula terá um desafio grande para uma nova concertação política no país, com a inauguração de um novo ciclo eleitoral por conta da não reeleição de Jair Bolsonaro (PL). “Em 2018, o ciclo do Executivo Federal combinou com o formato da eleição congressual, quando o PSL foi a maior bancada eleita”, lembrou ela.

A cientista política lembrou que, em 2023, tem-se a manutenção do ciclo, no que diz respeito ao Legislativo, inclusive acentuando-se a inclinação de centro-direita, mas há também um rompimento de ciclo, quando se leva em conta a presidência da República. Segundo Priscila, arrumar tudo isso, requer uma intensidade política maior que vai exigir pressão política.

“Existe um desafio posto. Mudança de ciclo político para o Executivo, mas com o direcionamento do Congresso no caminho oposto em um espaço de tempo menor. Se tivesse acontecido depois de dois mandatos do presidente, poderia se ter uma ideia que esse ciclo político inaugurado por Bolsonaro teria um tempo de maturação, o que não houve”, afirmou.

Lula, diz Priscila, tem mais afinidade que Bolsonaro com o modelo no qual é preciso construir concertação política com os governos estaduais. “Vai exigir dele, sobretudo nas regiões onde não existe predisposição, boa vontade por esse alinhamento ideológico diverso, mas governos estaduais não conseguem cumprir agendas sem o governo federal”, ressaltou.

Para emplacar projetos de interesse do governo, a relação do presidente eleito com os governadores da oposição vai ser uma das bases. Lula já havia sinalizado, desde o início da campanha, que irá convidar não só os governadores, mas também os prefeitos das capitais para uma reunião já nos primeiros dias de mandato.

O petista, além de defender uma ação alinhada em projetos importantes, deve definir com os gestores as obras prioritárias para cada um deles. Com isso, Lula faz um contraponto a Bolsonaro, que manteve uma relação nada fácil com os governadores, principalmente os da Região Nordeste, durante sua gestão.

De acordo com o cientista político Antônio Henrique Lucena, independentemente de um governador estar alinhado ou não ao presidente, deve nutrir boas relações com o Governo Federal, porque a união é que mais arrecada.

“Estados que recebem mais dinheiro do Governo Federal do que mandam, como, por exemplo, Pernambuco, tendem a ter uma relação amistosa com o Governo Federal. Já os que mais enviam do que recebem, como é caso de São Paulo, a relação pode ser diferente”, explicou.

Lucena afirma que o que provavelmente pode acontecer é Lula iniciar um processo de cooptação desses governadores que foram contrários a ele no processo eleitoral. “A máquina do Governo Federal foi extensamente utilizada no período eleitoral. Vamos entrar com um rombo fiscal gigantesco no ano que vem. Vai ser realmente um governo de ajustes, e os estados vão sofrer um pouco com isso”, complementa.

Mesmo a maioria dos futuros líderes estaduais sendo aliada a Bolsonaro, o PL, partido dele, só conseguiu eleger dois governadores, em Santa Catarina e Rio de Janeiro: Jorginho Melo e Cláudio Castro, respectivamente. O PSDB, o PSB e o MDB elegeram três governadores cada. Já o Republicanos, o PSD, o PP e o PL venceram, cada um, em dois estados.

Entre os estados aliados a Lula, só três não estão no Nordeste: Pará e Amapá (Norte) e Espírito Santo (Sudeste). O maior estado a apoiar o presidente eleito é a Bahia, com 11,3 milhões de eleitores, que elegeu o petista Jerônimo Rodrigues. A Bahia é também o maior estado governado pelo PT, que chega ao quinto mandato consecutivo no estado.

Os apoios e oposições a Lula

Sul, Sudeste e Centro-Oeste, regiões com tendência política conservadora, têm a maioria dos apoiadores de Bolsonaro. Todos os Estados do Centro-Oeste e do Sudeste, com a exceção do Espírito Santo, elegeram aliados do atual presidente. São Paulo, estado mais populoso do Brasil, com 46,6 milhões de habitantes, elegeu o ex-ministro de Bolsonaro Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do Brasil, Romeu Zema (Novo), reeleito, apoiou Bolsonaro no segundo turno, mas depois do pleito disse que estará aberto ao diálogo com Lula, desde que haja propostas para o Brasil avançar. O MDB consagrou três governadores, dois apoiando Lula e um aliado a Bolsonaro. Além da maioria de governadores oposicionistas, Lula deverá lidar com um Congresso majoritariamente conservador.