CRÍTICA

Despretensioso, "Lilo, Lilo, Crocodilo" é um filme para encantar toda a família

Comédia musical apresenta um simpático crocodilo que ama tomar banho e sabe cantar

Filme "Lilo, Lilo, Crocodilo" - Divulgação

Com estreia nacional marcada para esta quarta-feira (2), “Lilo, Lilo, Crocodilo” chega aos cinemas brasileiros como uma opção de alívio em meio a um noticiário político carregado de tensões. Voltado para o público infantil e capaz de conquistar também os já crescidos, o filme traz o encanto de uma comédia musical despretensiosa, que não necessariamente inova, mas entrega um resultado bem feito.
 


Dirigido por Will Speck e Josh Gordon, o longa-metragem é baseado na série de livros do norte-americano Bernard Wabe, publicada desde 1962. Assim como na obra literária, o filme acompanha a família Primm, que se muda para Nova York e descobre um crocodilo morando no sótão da nova casa.  

Apesar da aparência, Lilo (Shawn Mendes, na voz original) não é um crocodilo como os outros. Além de andar em duas patas, adorar banhos e comer caviar, ele canta lindamente. Esse talento é descoberto por Hector P. Valenti (Javier Bardem), um artista fracassado que faz de tudo para se tornar um astro.


Ao encontrar Lilo ainda filhote numa loja de pets, Hector decide apostar no sucesso do réptil no show business. A conexão com o animal é imediata e os dois se tornam grandes amigos, enquanto ensaiam números de canto e dança. Depois que a apresentação da dupla não funciona, no entanto, o artista acaba perdendo a casa que herdou da família e o simpático crocodilo é abandonado pelo dono no imóvel.

Bom humor e emoção
Com boas doses de humor e momentos de pura emoção, o filme toca em temas que até podem ser considerados “batidos”, mas que sempre valem a abordagem, especialmente em produções feitas para as crianças. Uma dessas temáticas é o medo, algo que Lilo tem em comum com o pequeno Josh (Winslow Fegley).



A vida na cidade grande e os colegas da nova escola apavoram o menino, que sente dificuldades em adaptar-se às recentes mudanças. Lilo, por sua vez, simplesmente trava ao tentar se apresentar em público, o que impede o mundo de conhecer sua incrível voz. Ambos estão tentando encontrar um lugar no mundo e, através dessa identificação, constroem uma amizade pautada na aceitação das diferenças e no suporte mútuo.
Lilo encontra nos Primm a família que nunca teve. Sua presença impacta não só a vida de todos da casa.

Com ele, a madrasta de Josh (Constance Wu) aprende a ver o mundo com mais leveza, despendendo-se de tantas regras. Já ao pai (Scoot McNairy) o crocodilo devolve a autoconfiança necessária para assumir o controle da situação na nova escola onde ele foi contratado como professor.

Temas: acolhimento e intolerância
A felicidade dessa família, no entanto, não agrada a todos. Se Lilo é o acolhimento em forma de réptil, o rabugento vizinho Sr. Grumps (Scoot McNairy) pode ser descrito como a representação da intolerância, sempre perseguindo os Primm e reclamando de tudo.

Um dos pontos altos do filme é a cativante atuação de Javier Bardem. Acostumado aos papéis dramáticos, o ator espanhol está totalmente entregue e parece se divertir em cena, cantando e dançando em boa parte do tempo. Seu personagem é um bonachão carismático e um tanto dúbio, encorajador em alguns momentos, mas aproveitador e sem responsabilidade afetiva em outros.

Outro destaque do longa é a música. As canções originais - que têm tudo para render indicações ao Oscar - foram criadas pelo time de compositores comandados por Benj Pasek e Justin Paul, dupla premiada que trabalhou em filmes como “O Rei do Show” (2017), “La La Land” (2016) e “Aladdin” (2019).