Em nota, Santa Cruz repudia comentário xenofóbico de Ítalo Melo
Via rede social, o atleta xingou nordestinos após resultados das eleições presidenciais
Em nota, o Santa Cruz se posicionou sobre o comentário xenofóbico do zagueiro Ítalo Melo, após o resultado das eleições presidenciais. O atleta xingou nordestinos por conta de parte da votação que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencedor do pleito, ter vindo da região Nordeste.
Nas redes sociais, diversos torcedores do Santa Cruz foram contra a declaração do atleta tricolor que está emprestado ao Carlos Reneux, de Santa Catarina. O jogador se retratou posteriormente. O clube, por sua vez, disse repudiar o ato e considerou "entender o arrependimento com o reconhecimento de um erro de exaltação indevida, externado por um jovem, que certamente não recebeu os melhores exemplos de comportamento democrático e de urbanidade da política partidária nacional nos últimos anos".
Confira a nota
A diretoria do Santa Cruz não admite qualquer tipo de preconceito, de qualquer tipo, em seus quadros funcionais.
O Clube tem por tradição a inclusão, foi criado pelos fundadores com esta finalidade. Por isto é o Clube das multidões. É uma potência sócio-desportiva e patrimonial exatamente por representar a admissão pioneira em Pernambuco da pluralidade étnica.
Informamos que, tão logo tomamos conhecimento do fato ocorrido com um de nossos atletas, a diretoria executiva do Santa Cruz dirigiu-se departamento de futebol e determinou aos seus gestores para, de imediato, repreender ao atleta, atualmente emprestado a uma outra agremiação, pela sua absurda e infeliz expressão de opinião e, também, para adotar as medidas cabíveis.
No entanto, mesmo antes de ocorrer o contato, o jogador, em espontânea reação, postou outra publicação, onde manifestou um pedido de desculpas à torcida do Santa Cruz, bem como declarou o seu reconhecimento democrático ao resultado das eleições, informando o seu desejo de que o próximo presidente faça o melhor pelo nosso país.
Por esta razão, compreendemos ser uma obrigação pedagógica e cívica dos mais experientes e/ou preparados para o exercício do contraditório em sociedade, acatar e entender o arrependimento com o reconhecimento de um erro de exaltação indevida, externado por um jovem, que certamente não recebeu os melhores exemplos de comportamento democrático e de urbanidade da política partidária nacional nos últimos anos.
Entendemos que a conciliação deve ser a palavra de ordem do Brasil, devendo este episódio, igualmente, ser exemplo para todos, de todas as idades, de todos os pensamentos e correntes ideológicas.
Não devemos dar vez ao radicalismo e fundamentalismo na política brasileira.
Somos um só povo.
Devemos nos respeitar e amar à pátria, na busca permanente da igualdade e da justiça social. Todos podemos e devemos contribuir.
Este é o país das oportunidade. A alternativa de poder é um fato natural na democracia. A cada eleição o bastão do comando é entregue ao vencedor pela decisão da maioria. Feliz do povo que escolhe o seu próprio destino e tem o poder de mudar em razão do regime do voto livre e independente.
Somos uma nação plural. Constituída pela miscigenação de muitos povos, de todas as origens.
Nosso jovem atleta certamente foi influenciado pelo calor do embate eleitoral. Percebeu, em tempo, que contraditório faz parte do cotidiano de uma sociedade organizada. A opção soberana de cada cidadão traduz a vontade da maioria. De forma rápida e sábia, com a humildade de quem demonstra a capacidade de enxergar seus equívocos, retratou-se de forma madura e nos permitiu a possibilidade de termos a reflexão como um bom legado deste acontecimento. Todos devemos estar atentos à ação e reação deste jovem jogador.
Seu pedido de perdão é ato de cidadania eficaz e exemplar.
A muitos servirá como espelho.
Sejamos conciliadores.
Sejamos unidos pela brasilidade.
Viva cada região do Brasil!
Viva cada etnia componente da nacionalidade!
Viva as diferenças de opiniões e comportamentos. Nelas e com elas haveremos de continuar construindo um Estado Democrático de direito, sob a égide da Constituição Federal, permitindo a cada filho desta nação a permissão da existência com dignidade.