Política

Se governo Lula apoiar reeleição de Lira na Câmara, pode haver 'contrapartida', diz presidente do PP

Cláudio Cajado (PP-BA) admite ainda que Congresso terá de fazer um ajuste no orçamento secreto

Claudio Cajado, presidente do PP - Valter Campanato/Agência Brasi

O presidente do PP, Claudio Cajado (BA), diz que um eventual apoio do PT à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados no ano que vem pode levar a uma “contrapartida” para que o partido integre a base do governo eleito de Lula.

"Tem que ver se o PP vai ser base de governo ou não" diz o deputado baiano ao GLOBO.  Não estamos conversando, até porque não surgiu nenhum convite para conversar. Às vezes o partido não integra a base, mas tem membros que passam a apoiar o governo.

"Não surgiu nenhum convite. É possível que venha a ocorrer (convite) em função da presidência da Câmara. Se o governo passa a apoiar o nome do deputado Arthur Lira, obviamente que pode acontecer uma contrapartida, não é verdade?

Ele diz ainda que o partido aceita “ajustar” as emendas de relator no ano que vem. O PT apresentou ao Congresso o plano de uma “PEC de Transição” para acomodar o Auxílio de R$ 600 e programas sociais, mas está negociando se manterá o orçamento secreto, como ficaram conhecidas as emendas que atendem parlamentares da base de forma desigual.

 "Essa questão de emenda de relator, vamos ter que fazer um ajuste, tendo em vista principalmente o que o novo governo pensa. Lula sempre foi contra, mas eu já ouço dizer que vai haver uma negociação", afirmou.

Cajado defende que o governo deverá se posicionar agora de forma mais clara sobre quais políticas públicas enxerga como prioritário encaixar no Orçamento, como isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, aumento do salário mínimo ou aumento para servidores, assim como sobre a questão das emendas de relator, que foram criticadas por Lula na campanha.

"O governo precisa se pronunciar sobre se deseja ou não manter a emenda de relator como RP9 (modalidade em que a indicação é do Congresso), porque ela sempre foi importante para fazer ajustes no fim do ano, mas ela passou a atender a tudo, a todas as demandas".

Nesta quinta-feira, o líder do governo Bolsonaro na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse que as conversas com o partido estão acontecendo, mas que o eleitor precisa de um tempo para “distensionar” e aceitar que os deputados colaborem com a governabilidade.

"O problema é que o nosso eleitor não quer conversar, e deputado não anda dissociado de sua base. Então vai precisar um tempo de distensão, não acho que isso vai se revolver agora. Tem gente trabalhando para poder construir um caminho", afirmou.