Morre Paulo Jobim, filho de Tom, aos 72 anos
Músico e maestro, ele lutava contra um câncer há dez anos
O músico e maestro Paulo Jobim, filho do compositor Tom Jobim, morreu nesta sexta-feira (4). Há pelo menos 10 anos, ele lutava contra um câncer de bexiga e não resistiu à doença. A informação foi confirmada pela assessoria do artista. Velório e sepultamento devem ser realizados na terça-feira, já que o filho de Paulo, o pianista Daniel Jobim, se encontrava em Portugal quando da morte.
Cantor, violonista, flautista e arranjador, Paulo Hermanny Jobim seguiu de perto os passos do pai, Tom Jobim, o músico brasileiro de maior reconhecimento no mundo.
Assim como ele, cursou Arquitetura (e se formou, ao contrário do pai), mas a música falou mais alto e o levou a estudos com alguns dos melhores professores disponíveis: Evandro Ribeiro (piano), Monina Távora (violão), Wilma Graça (solfejo e teoria), Odete Ernest Dias (flauta), Guerra Peixe (harmonia, contraponto e composição), Hans Koelreutter (harmonia, contraponto e arranjo), Don Sebesky (arranjo e composição de trilhas para cinema) e Jeffrey Langley (música contemporânea).
Parte de uma geração que começou sua caminhada nos anos 1970 (ao lado de outro filho de músico ilustre, Danilo Caymmi), Paulo Jobim acabaria atuando, como instrumentista e arranjador, em discos e shows do pai, de Milton Nascimento, Chico Buarque, Sarah Vaughan, Astrud Gilberto e Lisa Ono. E trabalhou na concepção de trilhas sonoras como as de “Gabriela”, “Anos dourados”, “O tempo e o vento” (na TV), “Fonte da Saudade” e “A menina do lado” (no cinema).
Entre 1985 a 1994 (ano da morte de Tom Jobim), Paulo fez parte, como violonista, da célebre Banda Nova do pai. Ao seu lado, estavam Jaques Morelenbaum (violoncelo), Danilo Caymmi (flauta e voz), Tião Neto (baixo), Paulo Braga (bateria) e o quinteto vocal feminino formado por Paula Morelenbaum, Maucha Adnet, Ana Jobim, Elizabeth Jobim e Simone Caymmi. A banda acompanhou Tom em shows no Brasil e no exterior, e gravou os discos “Passarim”, “O tempo e o vento”, “Família Jobim”, “Antonio Brasileiro” e “Tom Jobim: inédito”.
Em 1995, Paulo fundou com o filho Daniel Jobim (piano e voz), mais Jaques e Paula Morelenbaum, o Quarteto Jobim-Morelenbaum, com o qual lançou um álbum em 1999 e fez alguns shows.
Presidente do Instituto Antonio Carlos Jobim, o músico foi responsável pela coordenação geral, arranjos e direção musical do “Cancioneiro Jobim” (publicado em seis volumes), com a biografia e a transcrição da obra completa do pai. Em 2002, Paulo idealizou e produziu, com Mario Adnet, o projeto “Jobim Sinfônico”, contendo todas as peças orquestrais de Tom. E em 2005, releu a obra do pai no CD “Falando de amor”.
Paulo Jobim deixa os filhos Daniel, Dora (cineasta) e Isabel, além de dois netos.